Clichê, com toda certeza, no entanto é preciso não desprezar essa máxima, principalmente quando se trata da política onde os corações a serem conquistados são das pessoas mais simples, com baixa escolaridade ou consciência política insuficiente pra ter um discernimento do que ignifica a política e a consequência de eleger lideranças inaptas para o exercício de um mandato.
Outra observação relevante na frase supracitada é a questão dos interesses que deveriam mover a escolha política e os que realmente movem, resta-nos lembrar do seu próprio significado que a modo grosseiro pode se dizer que é a forma de negociar, debater, conviver e mediar sobre a construção das regras de convivências e ações entre pessoas, portanto, a política pode se apresentar de forma a satisfazer a todos, ou apenas a alguns.
Percebe-se na região de Bom Jesus da Lapa que foi institucionalizado o clientelismo, onde os valores da política foram maculados e seu significado perdido, não se ouve mais a ideia de bem comum, de discussão de pensamentos, de antagonismo, aqui na Capital Baiana da fé e adjacências impera o velho o mote: “manda quem pode obedece quem tem juízo”, que indica extrema submissão a algumas lideranças cruéis que certamente punirão aquele que desobedecer as regras do jogo, lembrando o tão debatido termo coronelista: “farinha pouca meu pirão primeiro”, que denota a usura daqueles que enxergam a política como meio pessoal de vida, ainda que nem tenha competência para o exercício de determinado cargo; “o que olhos não veem o coração não sente”, que bem caracteriza aqueles que por estarem tendo vantagens não se importam com a baixeza moral, intelectual e ética de lideranças políticas.
Em um plano genérico, a frase em destaque “fale mal, mas fale de mim” pode ser entendida como a fonte onde bebe a narrativa da política atual, resta ver o que a confusão criada pela antipolítica criou na sociedade. Ainda é muito cedo para dizer se a sabotagem aos estudos mais aprofundados sobre a política e vários desdobramentos advindos dela, vai ser duradoura ou não, se vai prevalecer a pobreza do debate assim como se encontra no momento, ou se vamos sair desse período nebuloso com ganhos ao processo político num plano geral.
Por Mara Cerqueira