quinta-feira, novembro 21, 2024

Por trás das máscaras

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Já faz mais de um ano e meio que a população mundial se acostumou com o uso da máscara, para não inalar eflúvios exalados dos semelhantes.

A máscara passou a fazer parte dos acessórios habituais do dia a dia, tais como meias, cueca, langerie ou gravata.

Algumas pessoas obedecendo às normas de trabalho, dependendo da profissão, já estavam acostumadas com o incômodo de uma máscara. Esse é o pessoal da saúde, da limpeza, da cozinha de restaurantes e afins.

A exceção é o tempo de carnaval, quando uma massa de populares adora estilizar máscaras para cair na folia.

Porém, o uso de máscaras por uma razão ou outra é milenar em todos os continentes. Isso faz nos reportar aos anos da Peste Negra entre 1347 e 1351 na Eurásia (Europa e Ásia), que teria matado entre 75 a 200 milhões de pessoas.

Naquela época as máscaras sanitárias foram adaptadas a enormes bicos de pássaros, para que o usuário colocasse dentro ervas aromáticas, a fim de inalar melhor o ar. Em se considerando que não havia saneamento básico nas cidades, e mesmo as vítimas sendo enterradas em valas coletivas ou sepulturas individuais, o risco de contágio era enorme.

No período da gripe espanhola (entre 1918 e 1929) que infectou 500 milhões de pessoas e matou 50 milhões, a máscara voltou a ser uma indumentária das vestes da população.

100 anos depois da gripe espanhola, a geração atual passou a conviver cada um com sua máscara, a autêntica de tecido, o que transformou completamente a paisagem em todos os lugares do planeta.

O que mudou com isso? Primeiro foi a impossibilidade do brilho de um belo sorriso. Todos nós passamos a não poder observar as linhas dos rostos dos nossos interlocutores. A expressão da fala limitou-se ao movimento dos olhos. Multidões usando uma tarja na boca, por muitas vezes escondendo emoções de dor, tristeza, alegria ou mesmo silêncio.

Tivemos que nos acostumar com tal realidade fora dos nossos lares. Essa máscara acaba sufocando alegria e choro. Uma máscara a que fomos forçados a nos apegar, mas, que não é totalmente confiável, uma vez que reduz até 65% o risco de se contrair o coronavírus.

É por isso que muitas pessoas que conhecemos morreram sem tirar a máscara, sem que pudéssemos ver o rosto em seu vigor da vida, pela última vez.

Há também pessoas que aproveitam a máscara da pandemia para tentar esconder as várias máscaras da personalidade, o que não funciona, já que a máscara sanitária não faz parte da terapia que trata da moral de cada um.

Por Emanoel Virgino

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