“Seguir com a vida, de forma geral, durante uma pandemia sem precedentes como a que estamos vivenciando, já é algo desafiador”, garante a psicóloga Tereza Cecília Costa do Nascimento
A pandemia da covid-19 transformou nossa maneira de ser no mundo. Enfrentamos de forma inesperada, ao longo do último ano, situações para as quais não estávamos preparados e que impactaram fortemente os nossos ideais de bem-estar e de realizações. O cenário generalizado de incerteza e de restrições imposto pela realidade que se edificou com o novo coronavírus tem mexido com as nossas emoções e, para alguns, tem acarretado grande sofrimento psíquico.
Seguir com a vida, de forma geral, durante uma pandemia sem precedentes como a que estamos vivenciando, já é algo desafiador. Quando olhamos para o ambiente de trabalho hospitalar, que naturalmente é marcado por situações de dor, perda e aflição, falar em saúde mental nesse contexto é mais que oportuno: é extremamente necessário. Criada em 2014 pelo psicólogo mineiro Leonardo Abrahão, a campanha do janeiro branco destaca a importância dos cuidados para com saúde mental. Este ano, em sua oitava edição, o mote da campanha é “todo cuidado conta”, que nos alerta para o fato de que qualquer gesto ou atitude com esse propósito pode contribuir para a boa qualidade da nossa saúde mental.
Num momento de tamanha crise e insegurança, devemos voltar o olhar para nós mesmos, tentar perceber como estamos e buscar ajuda profissional caso haja sinais claros de que algo não está bem, de forma a não prejudicar o andamento normal do nosso dia a dia. São exemplos de sinais aos quais devemos estar atentos: ansiedade excessiva, insônia recorrente, dificuldade de concentração e tristeza profunda. Estar atento, também, ao que se passa conosco é trabalhar na prevenção. Realizar atividades que nos conectem a uma condição de menos estresse e que proporcionem bem-estar pode contribuir para atenuar os efeitos da pandemia neste momento. Desenvolver o autoconhecimento é fundamental nesse processo e permite enxergar aquilo que realmente faz bem a cada um. Temos de dedicar um tempinho para o autocuidado, realizando atividades que são prazerosas, como ouvir música, meditar, conversar com um amigo querido, estar com a família (mesmo que virtualmente), fazer uma leitura, praticar exercícios físicos, dançar e cozinhar. Enfim, o envolvimento com atividades que contribuam para aliviar as pressões e as tensões do cotidiano pode ser a chave para uma vida mais saudável, mesmo em circunstâncias restritivas como as de agora.
A necessidade de distanciamento ou isolamento social, nesse período de pandemia, convidou-nos a olhar mais atentamente para as nossas vidas e a lidar mais diretamente com o que nos é considerado essencial. Em vez de apenas nos afastarmos, podemos nos reunir em torno de um mesmo ideal, que é o colaborar para uma sociedade mais inclusiva, mais solidária, na qual possamos não só conversar mais abertamente sobre saúde mental, mas viver de forma mais autêntica e feliz, cuidando uns dos outros, cultivando mais qualidade de vida e buscando cada vez mais sentido e paz nas relações interpessoais.