Nesta sexta-feira, 6, acontece a romaria do Senhor Bom Jesus da Lapa. É a 330ª vez que o evento ocorre, ou seja, são três séculos e mais um terço de centenas de anos que a procissão se realiza depois de semanas de adventos comemorativos em forma de missas, novenas, debates e grande exaltação ao Cristo Jesus.
Passaram dezenas de gerações, milhões de pessoas acompanharam a evolução do santuário abrigado na caverna da grande pedra, a Lapa que encantou o peregrino Francisco de Mendonça Mar em 1691, aquele que trocou a vida de artista plástico pela vida de caminhante religioso, por desconsolo devido ser traído e açoitado pelo governo geral de sua época.
Sabe-se que um dos preceitos cristão é o fato de que onde houver alguém falando em nome de Jesus, Ele está presente e muito rápido outros homens são atraídos pela fé. E Francisco iniciou a obra, tornando-se frei e grande desenvolvimentista da comunidade lapense.
E chegaram ao monge da gruta da cobra e da onça, animais que supostamente Mendonça Mar encontrou na grande loca do morro, muitos homens e mulheres adoentados, perseguidos, injustiçados, índios, escravos fugitivos, desbravadores insatisfeitos, enfim, a sociedade local se formou com a aglutinação de gente buscando um consolo.
Francisco de Mendonça Mar, já consagrado Padre Francisco da Soledade acabou por conquistar para a obra, toda a terra em torno do morro, a perder de vista, onde se formaram fazendas e colônias para o desenvolvimento de Bom Jesus da Lapa.
A terra dos índios acoroaces se transformou na terra de um povo miscigenado e induzido pela fé cristã, a divulgar os milagres obtidos pelas graças do Senhor Bom Jesus e Nossa Senhora da Soledade.
Antes da chegada do monge, figuras históricas conheceram a impressionante imponência do morro, tais como o donatário Duarte Coelho e o desbravador Muribeca (Melchior Dias Moreira). Ele até havia deixado uma inscrição na gruta, que depois do incêndio no dia 1º de maio de 1903. Por aqui passariam, muitos anos depois, personalidades como o desbravador Richard Francis Burton e o sertanista Noel Nutels.
Depois da morte do Padre Francisco da Soledade, aos 65 anos em 1722, o santuário bem como a cidade se desenvolveram lentamente. Mas no século 20 a romaria passou a crescer a cada ano, com isso a Lapa teve um período de franco crescimento.
Nos dias, principalmente com a chegada do Monsenhor Turíbio Vila Nova, em 1933, responsável pela construção da torre do santuário. Durante 23 anos ele foi o responsável pela expansão e divulgação da obra de Mendonça Mar, fazendo da romaria do Bom Jesus uma das maiores do Brasil.
Nos dias atuais, muitas mudanças aconteceram durante os dois mandatos do prefeito Eures Ribeiro, coma construção da Praça Monsenhor Turíbio Vila Nova e a reconfiguração da praça central, conhecida antes como Praça da Prefeitura ou Marechal Deodoro, hoje denominada Praça da Fé.
Entretanto nesta 330ª romaira, poucos romeiros estarão presentes para assistir às missas e caminhar pelas ruas seguindo o andor na tarde de 6 de agosto. O poder público municipal prevê que nos anos vindouros, haverá outra grande atração, o caminho da fé, uma passarela em torno do morro.
Por enquanto, visitantes e romeiros podem acompanhar pelas redes sociais, ao vivo, todos os eventos desta que é a terceira maior romaria do Brasil, mas o santuário do Bom Jesus é a primeira das 7 maravilhas do Brasil!