segunda-feira, setembro 16, 2024

Com pandemia, 44% das crianças e adolescentes se sentiram mais tristes

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Pesquisa é da Fundação Lemann e do Instituto Natura

Uma pesquisa feita pela Fundação Lemann em parceria com o Instituto Natura mostrou
que 94% das crianças e dos adolescentes tiveram alguma mudança de comportamento
durante a pandemia. Segundo os pais e responsáveis, 56% ganharam peso, 44% se
sentiram tristes, 38% ficaram com mais medo e 34% perderam o interesse pela escola.

A pesquisa “Onde e como estão as crianças e adolescentes enquanto as escolas estão
fechadas?” indicou que entre os que ficam sozinhos em casa são mais altos os índices
dos que passaram a dormir mais, ficaram mais quietos ou têm mais dificuldades para
dormir.

Quando avaliadas as crianças e adolescentes de famílias com renda menor, até dois
salários mínimos, 59% tiveram ganho de peso, 51% passaram a dormir mais, 48%
ficaram mais agitados, 46% ficaram mais tristes, e 35% perderam o interesse pela
escola.

A pesquisa ouviu 1315 responsáveis por mais de 2,1 mil crianças e adolescentes (4 a 18
anos) matriculados na rede pública ou fora da escola, de todo o Brasil, entre 16 de junho
e 7 de julho de 2021. O estudo também entrevistou 218 jovens entre 10 e 15 anos.

Comida
Quando avaliada a segurança alimentar, 34% das famílias afirmaram que a quantidade
de comida foi menos que o suficiente, com destaque para as famílias do Nordeste (46%)
e do Sul (18%).
Entre os que relataram insuficiência de alimentos, 63% são pretos e pardos, 63% das
famílias ganham até um salário mínimo e 66% afirmaram que alguém da casa perdeu o
emprego ou renda na pandemia.

A pesquisa também mostrou que as refeições das crianças e adolescentes eram melhores
antes da pandemia: 81% dos pais disseram que era ótima ou boa antes do surto de
covid-19, índice que caiu para 74%. Entre os que consideram a alimentação regular, a
taxa aumentou de 16% para 23%; e o ruim se manteve estável em 2%.

Mais tempo nos eletrônicos
De acordo com a pesquisa, 10% das crianças e dos jovens passam o dia na casa de
outras pessoas, metade deles na residência dos avós. Dos 90% que ficam na casa de seus responsáveis (pai, mãe, madrasta e/ou padrasto), 14% permanecem sozinhos no local ou
apenas com irmãos, sem adultos responsáveis.

A pesquisa também mostrou que a rotina de atividades em casa mudou: 37% das
crianças e adolescentes estão jogando videogame ou celular com mais frequência do que
antes da covid-19 e 43% aumentaram as horas de TV.

Outro dado importante mostrou que 6% dos jovens entre 7 e 18 anos estão trabalhando,
sendo maior o percentual entre os pretos (10%). Do total de jovens trabalhando, 60%
começaram em 2021 e 74% são meninos. A idade média é de 16 anos, sendo que 9%
têm entre 11 e 14 anos, 68% entre 15 e 17 anos e 23% têm 18 anos.

Entre as crianças e adolescentes entrevistados, 75% disseram que sentem falta das aulas
presenciais ou de algum professor e 60% sentem falta do convívio social e dos amigos.
Aqueles que acreditam que terão o futuro prejudicado devido à pandemia são 66%. Pelo
menos 40% sonhavam com profissões antes da pandemia e agora esse percentual é de
37%. Para 17%, o principal sonho agora é o de que a pandemia acabe.“Isso mostra o papel da escola e desse ambiente na vida dessas crianças e adolescentes.

Claro que é um espaço de ampliação de repertório e aprendizagem, mas também é de
convívio e desenvolvimento pessoal, além de ser, para muitos, espaço de alimentação.
Isso coloca muita luz no papel da escola e do retorno presencial das aulas”, afirmou a
gerente do Instituto Natura, Maria Slemenson, que trata da articulação das agendas
prioritárias da educação.

A pesquisa mostrou que 3% das crianças e adolescentes não estão matriculados na
escola. Desses, 32% afirmaram não estar na escola por conta da pandemia e outros 32%
afirmaram não encontrar vaga na rede pública de ensino. Além disso, 62% das crianças
fora da escola têm entre 4 e 6 anos. Os estudantes que estão fazendo as tarefas recebidas
são 92%, com 89% dos pais dizendo que acompanham as atividades feitas pelas
crianças e adolescentes na escola e nas aulas on-line.

“Nós, da Fundação Lemann, acreditamos que a educação pública de qualidade muda a
vida das pessoas e são elas que podem transformar o nosso país. Desde o início da
pandemia, estamos trabalhando para apoiar as redes de ensino com estudos, dados, boas
práticas e orientações diversas para que cada rede possa retomar as aulas presenciais e
garantir que todas e todos possam aprender com qualidade, nas mais variadas realidades
do país", disse a coordenadora de projetos de Educação da Fundação Lemann, Barbara
Panseri.
" Sabemos do tamanho das desigualdades de nosso país, sabemos que as crianças e
adolescentes de menor renda, do Nordeste e negros e negras, têm menor acesso à
internet de qualidade, e que o ensino remoto ampliou as desigualdades dos nossos
alunos”, completou Barbara.
Agência Brasil

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