Francisco de Mendonça Mar nasceu em Lisboa-PT em 1657 e morreu em Bom Jesus da Lapa, Bahia-BR em 1722. Era filho de ourives, tendo aprendido a profissão e atuado junto a sua família em sua cidade natal até o ano de 1679.
A igreja católica é mãe fecunda de santos e heróis que destacam na esplanada dos séculos e se levantam como as montanhas sobre os pequenos morros. Como astros luminosos aformoseiam o céu do cristianismo: são a honra mais pura da humanidade e formam a aristocracia espiritual do gênero humano. Um desses heróis foi o Padre Francisco de Mendonça Mar, o monge, cuja figura vai ocupar o centro ‘desta postagem’. (…) É de lamentar que as gerações passadas jogassem no lixo do esquecimento as gratas lembranças do monge, e que, penas brilhantes não escrevessem sua vida, vida de romance, e não transmitissem à posteridade notícias detalhadas de sua fecunda atividade. (Resenha Histórica, pg 35, Pe. Turíbio Villanova Segura, Gráfica Ave Maria)
O começo da saga
Segundo texto no site do Santuário do Bom Jesus da Lapa: “Com vinte e poucos anos de idade, em 1679, Francisco chegou a Salvador da Bahia, onde instalou sua própria oficina. Em 1688, foi encarregado de pintar o palácio do Governador Geral do Brasil, em Salvador, mas, ao invés de receber o pagamento, Francisco foi levado à cadeia e cruelmente açoitado. Tocado pela divina graça, reconhecendo a vaidade do mundo, ele aprendeu que a única coisa que vale é a salvação. Distribuindo seus bens, fez-se pobre e, acompanhado de uma imagem do Cristo crucificado, enveredou-se pelo sertão adentro. Caminhou entre tribos de índios antropófagos, passou fome, sofreu o calor do sol”.
Vivendo na Bahia, Francisco de Mendonça Mar, “com seu caráter vivo e alegre, sua idade na primavera da vida, aquele clima ardente, estimulante de paixões, e algumas más companhias, foram as causas que esquecendo-se dos santos mandamentos, corresse pelo plano inclinado do vício. Frequentava divertimentos populares: torneios, touradas e mascaradas. Envergando o sirgo, os flocados, as brochadoras e cantinhos da moda, dava, ao pontilhar das violas, serenatas aos luares”, ‘Resenha Histórica, pag. 39, Monsehor Turíbio’.
Em 1688 o governador geral do Brasil, Mathias da Cunha, escolheu o pintor e ourives Francisco de Mendonça Mar para pintar uma casa contígua ao palácio do governo.
Naquele tempo Mathias da Cunha fez guerra contra índios do Ceará e contra 20 mil negros no quilombo dos Palmares, o que deixou os cofres públicos esvaziados, sem dinheiro para pagar o salário até mesmo dos soldados.
Nessas circunstâncias o monge pintou a casa e aconteceram os incidentes que levaram Francisco a sair em peregrinação.
Sem dinheiro em caixa, o governador Mathias da Cunha mandou o meirinho Gaspar Soares negociar com Francisco, que lhe ofereceu um aluguel na impossibilidade de pagar em dinheiro. O ourives teve que assinar um papel que nem ao menos leu, faltando ainda pintar o teto da casa, uma vez que já havia comprado tintas do próprio bolso. Porém, ocorreu a morte do governador Mathias da Cunha, vitimado pela “Bicha”. Imediatamente o provedor-mor Gaspar Soares começou a desdizer tudo que havia dito, afirmando que tal obra ele não mandara fazer. O final dramático dessa disputa foi a prisão de Francisco de Mendonça Mar, juntamente com dois escravos, que o governo açoitou a todos, e ainda obrigou o futuro monge a repor o dinheiro do aluguem com juros.
Publicado em 20 de setembro de 2021, às 10:35
Continua em breve…