Segundo estudos recentes, o maremoto de 1775 em Lisboa, que destruiu a cidade portuguesa e teve efeitos na Irlanda, no Marrocos, no Caribe e nos Estados Unidos, também causou destruição no Nordeste do Brasil naquele ano.
Os registros são poucos, mas foram coletados por Alberto Veloso, autor do livro “Tremeu a Europa e o Brasil” e também publicados em um artigo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 2020. Segundo as pesquisas, as ondas foram grandes e superaram os 2 metros, algo incomum para aquelas regiões. Em Tamandaré (PE), as ondas avançaram por mais de 800 metros para dentro do vilarejo e em Lucena, na Paraíba, mais de 300 metros depois da costa foram inundados também.
Documentos da época de cartas afirmam que o terremoto fez vítimas. “Em Lucena e Tamandaré, a enchente do terremoto entrou pela terra adentro coisa de uma légua (4 a 5 km) terra adentro e levou algumas casas de palhoça e falta um rapaz e uma mulher”, diz uma carta recolhida por Alberto Veloso.
O maremoto de Lisboa de 1775 foi causado após um terremoto de 8,5 pontos na escala Richter ser registrado nas proximidades da costa portuguesa. Apenas um bairro da capital ficou intacto e toda a cidade foi reconstruída sob as ordens de Marquês de Pombal, figura controversa da história do Brasil e de Portugal.
E seria possível que um evento sísmico do outro lado do Atlântico causasse algo similar a um tsunami na costa brasileira nos dias de hoje?
Risco de tsunami no Brasil de hoje
Desde semana passada, uma grande atividade sísmica vem sendo registrada na região de Cumbre Vieja, nas Ilhas Canárias, um território espanhol que se localiza no Atlântico Norte. Desde um estudo realizado no início dos anos 2000, pesquisadores tentam entender quais seriam os impactos de uma erupção de grandes proporções na costa Atlântica.
Erupção nas Ilhas Canárias ocorreu após 50 anos; risco de vulcão de La Palma causar tsunami no Brasil é ínfimo.
Em um cenário bastante específico, ou seja, caso uma parede lateral do vulcão de Cumbre Vieja se rompesse e o magma fosse direcionado ao Oceano Atlântico, é possível que um tsuname capaz de afetar o Brasil Entretanto, a chance de ocorrer o rompimento da parede lateral do vulcão das Ilhas Canárias é ínfima.
“Os pesquisadores enfatizaram o pior cenário ao admitir a caída total do bloco rochoso, uma vez que ele poderia vir abaixo, em partes, e o impacto final seria bem menor. Outra questão é saber se o tsunami se dispersaria rapidamente, ou se se propagaria a distâncias transoceânicas, implicando, nesse caso, grande perigo às populações costeiras. Apesar de todas as incertezas de ocorrência, um tsunami dessa natureza produziria danos por quase todo o Atlântico”, explica, em artigo de 2016, o professor Alberto Veloso.
Hoje, o mundo assiste à erupção do vulcão de Cumbre Vieja, mas, pelo que indicam os dados, não existe possibilidade da erupção afetar o Brasil.
Com informações de Hypness