A provável entrada de Sérgio Moro na pré-campanha presidencial fez estrategistas dos principais partidos reverem suas projeções para o mapa eleitoral de 2022. De imediato, é consenso que o ex-juiz da Lava Jato deixou a luta pela populosa região Sudeste, onde pesquisas mostram haver mais espaço para uma terceira via, ainda mais renhida.
As primeiras sondagens também indicam que, uma vez na estrada, Moro pode tirar votos do presidente no Sul. Como consequência desse estreitamento de pista, Jair Bolsonaro terá de melhorar seu desempenho em outras regiões, especialmente no Nordeste, o que ajuda a explicar a ação pesada do Planalto e dos governistas para aprovar o Auxílio Brasil.
No geral, o suco das mais recentes pesquisas é menos amargo para Bolsonaro no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Os piores índices de avaliação do presidente estão nas regiões Norte e Nordeste.
Um ponto importante: há vários “Sudestes” no Sudeste, alerta um especialista em pesquisas eleitorais. Seja por conta do fator migratório ou por ser ela uma região encravada entre outras três, é necessário, nesse caso, observar as especificidades de cada Estado.
É consenso que o tema da corrupção ainda tem apelo de Minas Gerais para baixo no mapa. Ou seja, a turma da Lava Jato pode tomar o discurso que foi de Bolsonaro em 2018.
A escolha dos vices levará em conta as novas projeções desses mapas eleitorais.
Um dos objetivos das candidaturas Moro a presidente e Deltan Dallagnol a senador, caso elas se concretizem, é montar uma bancada lavajatista para a próxima legislatura. Seria a melhor maneira de manter vivo o legado da operação e, claro, garantir imunidade parlamentar ao grupo.
Entretanto, o contra-ataque já começou. Advogados do grupo Prerrogativas estão estudando processos remanescentes contra Deltan Dallagnol no CNMP para avocar na Justiça a inelegibilidade do procurador. Também pretendem recorrer contra a possibilidade de ele exercer a advocacia após deixar o Ministério Público.
Estadão