quinta-feira, novembro 21, 2024

Eleito imortal da ABL, Gil diz: ‘Há uma reconhecida qualidade no meu trabalho poético, na minha escritura como compositor’

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Em entrevista à TV Globo logo após a eleição para a Academia Brasileira de Letras (ABL), no fim da tarde desta quinta-feira (11), o músico baiano Gilberto Gil, de 79 anos, comentou a escolha e falou sobre o processo de candidatura.

“Não são só os poetas, enfim, classicamente considerados aqueles que escrevem poemas, publicam livros e etc, mas é um autor de canções populares, de música popular. Uma boa quantidade delas, são 600 pelo menos, algumas com reconhecida qualidade literária, o que é um aspecto também que deve ser considerado. Muito do acolhimento dado pelos acadêmicos se deve ao fato de que há uma reconhecida qualidade no meu trabalho poético, na minha escritura como compositor”, disse Gil, em entrevista ao Jornal Nacional.

Gilberto Gil escreveu e publicou livros sozinho e em parceria com outros autores. Preencher esse critério abre as portas da ABL, mas o novo imortal entra na academia levando muito mais do que a credencial de escritor, mas também riqueza cultural, traduzida em poesia e inspiração.

Compositor, cantor, pai, marido, ídolo. Em quase 60 anos de carreira, um dos criadores do Tropicalismo já deu várias voltas ao mundo, levado pela sua arte. São mais de 70 discos gravados, parcerias inesquecíveis e canções que viraram hinos.

O cidadão Gil foi ministro da Cultura, de 2003 a 2008. Fez da política uma arma poderosa na promoção da arte brasileira.

“Sou um agente cultural por força do trabalho que faço, por força da representação que tenho (…) Essa palavra cultura, nesse sentido do cultivo da qualidade humana, enfim, da humanidade em cada um de nós, isso é um interesse que eu sempre tive.”

Um dos nomes mais importantes e premiados da música brasileira, é incansável na valorização da cultura afro.

Gil acaba de chegar de mais uma turnê na Europa, a primeira desde o começo da pandemia. Ainda nem teve tempo de repousar, mas já se prepara para chegar ao mais novo dos seus palcos: a cadeira de imortal, onde a sua obra sempre esteve.

“Eu tenho uma canção minha que eu poderei cantar, uma canção antiga que diz assim: ‘eu sou uma figura de retórica, eu sou a frase de um discurso de paraninfa, da turma de bacharelandos da universidade da Bahia’ (…) Se eu cantasse essa música lá na academia, num chá das cinco, o pessoal vai ficar satisfeito.”

Gil acompanhou a votação na casa de amigos em Ipanema, na Zona Sul do Rio, já que uma norma da ABL proíbe que candidatos participem da sessão.

Para a vaga também concorreram o poeta Salgado Maranhão (7 votos), e o autor e crítico literário Ricardo Daunt (nenhum voto).

Participaram da eleição 34 acadêmicos de forma presencial ou virtual — um não votou por motivo de saúde. Foram 4 votos em branco e 2 nulos.

”Gilberto Gil traduz o diálogo entre a cultura erudita e a cultura popular. Poeta de um Brasil profundo e cosmopolita. Atento a todos os apelos e demandas de nosso povo. Nós o recebemos com afeto e alegria”, declarou o presidente da ABL, acadêmico Marco Lucchesi.

9 prêmios Grammy

Cantor, compositor, multi-instrumentista e produtor musical cuja obra se confunde com a própria música brasileira. Entre 1998 e 2019, ele recebeu 9 prêmios Grammy,segundo a sua página oficial. Em 1999, foi nomeado “Artista pela Paz”, pela Unesco.

São dele os clássicos “Aquele Abraço”, “Vamos Fugir”, “A Novidade”, “Cálice”, “Esotérico”, “Divino Maravilhoso”. Ele tem uma extensa discografia com mais de 60 álbuns e quase 4 milhões de cópias vendidas.

Em 2001, Gil foi nomeado embaixador da ONU para agricultura e alimentação. Ele também foi ministro da Cultura do Brasil, entre 2003 e 2008, durante dois mandatos do ex-presidente Lula.

Gil deve assumir o posto em março de 2022, quando o órgão volta do recesso de fim de ano.

Antes, a cadeira 20 estava ocupada pelo acadêmico e jornalista Murilo Melo Filho, que morreu em maio de 2020. Outros ocupantes foram Salvador de Mendonça (fundador) – que escolheu como patrono Joaquim Manuel de Macedo –, Emílio de Meneses, Humberto de Campos, Múcio Leão e Aurélio de Lyra Tavares.

Via G1

 

 

 

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