Nas primeiras 10 viagens que fez ao interior do Estado após retornar de sua última agenda internacional, em outubro, o governador Rui Costa (PT) priorizou visitas a cidades governadas por prefeitos de oposição: seis no total. Petistas ouvidos por este Política Livre têm duas hipóteses sobre a motivação dos roteiros: a primeira seria começar um movimento de avanço sobre a base aliada ao prefeito ACM Neto, pré-candidato do DEM ao governo.
A segunda indicaria a vontade do governador de repetir o antecessor, Jaques Wagner, e visitar os 417 municípios baianos durante seus dois mandatos de governador. As primeiras agendas ocorreram em redutos tucanos – Santo Antônio de Jesus e São Miguel das Matas – no dia 1º de novembro. Na segunda cidade, houve um entrevero entre o prefeito Baleia (PSDB) e o senador Otto Alencar (PSD), que classificou o gestor como “mal educado” por não ter ido recepcionar o governador.
Otto foi prontamente respondido pelo deputado federal Adolfo Viana (PSDB), que recomentou ao senador cuidar dos prefeitos do PSD. Em seguida, Rui foi a Camaçari, cidade governada pelo democrata Elinaldo Araújo, para a inauguração da Unigel. Em Jaguarari, na quinta (4), cidade comandada por um correligionário, Rui fez o discurso bombástico que abalou a base – chamou de “traíras” os deputados federais que votaram pela aprovação da PEC dos Precatórios e ouviu resposta dura do mesmo Otto que, três dias antes, o havia defendido do prefeito “mal-educado”.
O périplo seguiu por Teixeira de Feitas, no dia 5, governada pela oposição e, no dia seguinte, por Central, da situação. Seguiu por Barra do Choça, comandada pelo PP, e teve retorno a Camaçari, na terça-feira (9), reduto eleitoral do secretário de Relações Institucionais, Luiz Caetano, cuja mulher, Ivoneide, será candidata a deputada federal. Em seguida, foi a Taperoá, governada pelo PP, e depois a Nilo Peçanha, comandada pelo DEM, onde foi cordial com a prefeita Jacqueline Soares de Oliveira.
As agendas seguintes ocorreram em Ilhéus e Bom Jesus da Serra, comandadas por PSD e PP, respectivamente. Contando estas duas últimas cidades, o quadro de viagens fica empatado: seis a cidades comandadas pela situação e outras seis a cidades lideradas pela oposição.
Uma das fontes petistas ouvidas por este Política Livre aponta que Rui pode ter uma terceira motivação, na verdade uma junção das duas primeiras citadas: bater uma meta pessoal para igualar Wagner na visita aos 417 municípios – daí a explicação para visitar ao menos nesse recomeço de viagens cidades lideradas pela oposição que, naturalmente, foram preteridas nos primeiros anos dos dois mandatos – e cumprir uma meta junto ao grupo e ajudar a retirar de Neto alguns prefeitos que lhes são fiéis, ou nem tanto.
Política Livre