O bem maior da vida é a água. Dentre os elementos que compõem o organismo humano, água é uma espécie de sócia majoritária na empresa de condução dos órgãos do corpo humano. Algo absolutamente fantástico.
E a água tão escassa no sertão nordestino do Brasil, no final de 2021, desde todo o mês de dezembro, vem jorrando a cântaros da fonte das nuvens.
A chuva tão abençoada e ansiosamente aguardada pelo povo dos sertões vem estendendo seu manto pluvial por toda a Bahia, um motivo especial para novenas e pequenas romarias.
Devotos do Senhor Bom Jesus da Lapa, mesmo com as estradas quase intransitáveis, comparecem ao Santuário de pedra e luz para render graças, pagar promessas pela graça alcançada da chuva ou pedir proteção para os milhares de desabrigados por conta das mesmas chuvas.
O governador Rui Costa disse que este ciclo de chuvas é o “maior desastre natural da história na Bahia”. Pode-se fazer uma reflexão para se entender a opinião da autoridade governamental.
Talvez não seja um desastre, ou melhor, longe de ser um desastre. É que a natureza tem seus mistérios. Até mesmo a terra precisa se reciclar. E sendo o planeta composto por 70% de água, ou seja 1386 milhões de quilômetros cúbicos, uma chuva de 100 mm cúbicos é algo insignificante neste cenário.
Estima-se que há 32 anos não aconteciam chuvas em tamanha abundância na Bahia. As cidades cresceram e os administradores não cuidaram como deveriam dos sistemas de saneamento básico e de escoamento hídrico dos municípios.
Pode ser que o desastre não seja a chuva, porém, o sistema político que fomenta tragédias a conta gotas através dos anos. Na hora do temporal é um deus-nos-acuda.
Bom Jesus da Lapa, há 42 anos viveu uma grande cheia do Velho Chico, inundando toda a parte central da cidade, o que é motivo de nostalgia daquele tempo com fotos na internet de pessoas conduzindo canoas pelas ruas alagadas.
A capital baiana da fé vem resistindo heroicamente à chuva quase que constante no último mês e agora em janeiro. Ultimamente o sistema de drenagem e escoamento das águas, com alguns piscinões em pontos estratégicos contribuem para que não ocorram dramas como está acontecendo em outros municípios.
Até o dia 1º de janeiro 153 municípios do sul e sudeste da Bahia sofreram com enchentes, contabilizando mais de 30 mil pessoas desabrigadas e quase 60 mil desalojadas. 25 pessoas morreram afogadas e 517 ficaram feridas.
A chuva continua caindo como se fossem os cabelos de Deus, para o homem botar as barbas de molho, cuidar melhor do meio em que vive.
É hora de continuar agradecendo pela bênção da chuva, assim como pedir por aqueles que sofrem com ela, se possível, dando alguma ajuda de qualquer natureza aos afetados.
E ter esperança, assim como fazer acontecer um ano melhor que esse 2021 que está no passado.
Foco em 2022 contribuindo para que todos tenham dias mais felizes!
Emanoel Virgino