Em um processo contestado na Justiça por um agora vice-presidente, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) realizou sua eleição presidencial nesta quarta-feira (23). Candidato único, o baiano Ednaldo Rodrigues, 67, foi escolhido por federações e clubes para um mandato de quatro anos, até março de 2026.
Na véspera, o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL) havia concedido liminar contrária ao pleito a pedido do vice-presidente Gustavo Feijó. O juiz Henrique Gomes de Barros Teixeira, da 1ª Vara Cível de Maceió, suspendeu a votação, e o próprio advogado de Feijó, Hugo Veloso, foi à sede da CBF, no Rio de Janeiro, comunicar a confederação da decisão provisória.
A comissão eleitoral da CBF, no entanto, disse não ter sido notificada oficialmente. A entidade afirmou ainda ter uma decisão favorável na Justiça do Rio de Janeiro e prosseguiu com sua assembleia extraordinária para definição do novo presidente, Rodrigues, que já vinha ocupando o cargo interinamente.
Só não votaram nele a Federação Alagoana, que não compareceu, e a Ponte Preta, que teve irregularidade na procuração para registrar sua vontade. Como os votos da federação têm peso três, e os dos times da Série B, caso da Ponte, peso um, Ednaldo ficou com 137 dos 141 votos possíveis no processo.
Foi uma manhã tensa na sede da confederação, no bairro carioca da Barra da Tijuca. Gustavo Feijó –que argumenta ter sido desrespeitado em seu direito como vice-presidente ao não ser ouvido no acordo com o Ministério Público para a realização da eleição–, chegou a se sentar na cadeira destinada ao presidente interino, agora eleito.
Apesar da confusão, Ednaldo Rodrigues celebrou a eleição, uma das mais conturbadas da história da CBF. O presidente eleito anteriormente, Rogério Caboclo, foi tirado provisoriamente do cargo em junho do ano passado em meio a acusações de assédio sexual e moral. Em fevereiro deste ano, foi suspenso até o fim do mandato.
Presidente da FBF (Federação Bahiana de Futebol) de 2001 a 2018, Rodrigues era um dos vice-presidentes de Caboclo e terá de enfrentar um histórico recente de dificuldades jurídicas dos mandatários da confederação. Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero também tiveram problemas.
“Quando assumimos interinamente, era uma embarcação em uma tempestade. Tive que segurar o leme. Agora, a partir da democracia aqui, quero corrigir o rumo, fazer o melhor, o que é legal, e expurgar toda e qualquer imoralidade que já aconteceu”, discursou o presidente, aplaudido por seus eleitores.
“Foram meses de injúrias, infâmias. E hoje a democracia venceu. Passei o tempo todo me defendendo, sobretudo do preconceito. Todos sabem da minha vida, tenho caráter ilibado”, acrescentou. “Preconceitos ainda existem. Por ser do Nordeste, por ser baiano, por ser do interior, de Vitória da Conquista, o preconceito por ser negro.”
Sob Rodrigues, a CBF terá quatro novos vice-presidentes: Rubens Lopes (presidente da Federação do Rio), Reinaldo Carneiro Bastos (presidente da Federação Paulista), Hélio Cury (presidente da Federação do Paraná) e Roberto Góes (presidente da Federação do Amapá). Saíram o próprio Ednaldo, promovido, Gustavo Feijó, Castellar Guimarães Neto e Antonio Carlos Nunes.
Outros quatro vice-presidentes que ocupavam os cargos na gestão de Caboclo neles permanecem. São eles Fernando Sarney (MA), Francisco Noveletto (RS), Marcus Vicente (ES), que não têm ligação formal com as federações de seus estados, e Antonio Aquino, que está no posto de presidente da Federação do Acre.
Folhapress