Levantamento da Safernet Brasil registrou crescimento nos anos de 2020 e em 2018, anos eleitorais
Um levantamento feito pela Safernet Brasil, associação civil que atua no combate aos crimes virtuais e violação dos Direitos Humanos na internet, apontou aumento de denúncias contra discursos de ódio no Brasil, no ambiente virtual. Os dados levantados neste mês de abril são de 2020 e 2018 e fazem comparativo com os anos que antecederam as últimas eleições municipais e presidenciais.
A Safernet recebe denúncias de 10 crimes contra os direitos humanos praticados com uso da internet. Os números mostraram que dos sete crimes que envolvem discurso de ódio que chegaram à Central Nacional de Denúncias, seis tiveram maior prevalência nos anos de eleições, em relação aos anos anteriores.
Entre os problemas apontados, estão racismo, LGBTfobia, xenofobia, neonazismo, misoginia e apologia a crimes contra a vida. Apenas casos de intolerância religiosa não seguiram o mesmo padrão. Os casos podem ser denunciados no site da Safernet, através do link.
Crescimento do discurso de ódio nas eleições
Para a Safernet os indicadores apontam que as eleições tornaram-se, nos últimos anos, um campo fértil para o discurso de ódio, que desde 2018 têm registrado aumento no período eleitoral.
Em 2020, racismo e xenofobia registraram mais do que o dobro de denúncias em relação à 2019. Já as denúncias de neonazismo tiveram um crescimento de 840,7% em relação ao ano anterior.
Em 2018, misoginia, xenofobia e neonazismo tiveram os maiores percentuais de crescimento.
Educação contra a barbárie
Para a Safernet, a repressão penal a esse tipo de delito deve ser associada a promoção de ações educacionais com foco na diversidade. Por isso, na terça-feira (12), a associação civil lançou a segunda edição do SaferLab, laboratório de ideias que apoia o protagonismo jovem na criação de conteúdos sobre direitos humanos para tornar a internet um lugar melhor – com mais diálogo e respeito.
Dez jovens criadores das cinco regiões do país contarão com mentorias, workshops e bolsas, para criar narrativas contrárias ao discurso de ódio. O lançamento foi marcado por uma live, transmitida no canal da Safernet na internet, que reuniu ativistas, pesquisadores e autoridades que estão na linha de frente do combate à intolerância.
Entre os participantes, estão a professora Lola Aronovich, da Universidade Federal do Ceará, Marcelle Decothé, do Instituto Marielle Franco, a Procuradora Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, Neide Cardoso, e Juliano Cappi, doutor pela PUC-SP, com pesquisa sobre o discurso de ódio. Os quatro discutiram como esse tipo de narrativa tem crescido no Brasil desde 2018 e como essas mensagens afetam as pessoas na época de eleições.