O suposto pacto feito entre o senador Jaques Wagner (PT) e o deputado e ex-ministro João Roma (PL) para polarizar a eleição na Bahia e isolar o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil), líder das pesquisas, gerou críticas no Palácio do Planalto e irritou bolsonaristas em Brasília, segundo relataram fontes deste Política Livre. Por sua vez, Roma negou qualquer tipo de conversa com o petista, dizendo que esta informação que circula entre membros do PT e aliados “não tem cabimento” e que ele é o verdadeiro opositor do PT na Bahia, não Neto.
Entre apoiadores mais próximos ao presidente Jair Bolsonaro, a estratégia de João Roma tem sido considerada um tiro no pé, uma vez que o presidente refutaria completamente qualquer aproximação com os petistas, os quais prefere manter em campo oposto. O assunto, inclusive, já teria chegado aos ouvidos do presidente.
Além disso, argumentam que eles próprios, os bolsonaristas, correm o risco de ter o discurso fragilizado, uma vez que acusam Neto de aproximação com Lula e, ao mesmo tempo, o candidato do presidente na Bahia faz acordo com o principal cacique do PT no Estado. Neste sentido, na resposta enviada nesta sexta-feira, Roma afirmou não ser ele o pré-candidato que apenas simula ser adversário de Lula e do PT, mas Neto.
A estratégia, continuam bolsonaristas, favoreceria muito mais a Jerônimo Rodrigues, candidato do PT, do que ao próprio Roma. Para os aliados mais próximos ao presidente, é muito melhor uma eleição de ACM Neto do que de Jerônimo.
A aproximação de Roma com Wagner é vista com preocupação e aumenta a desconfiança na ala mais raiz do bolsonarismo, em que uma parcela considerável ainda não confia no ex-ministro da Cidadania. Entre eles, o comentário é que Roma só pensa em eleger a esposa, Roberta Roma, deputada federal e não tem se dedicado como deveria ao projeto de Bolsonaro no Estado.
Muitos bolsonaristas na Bahia comentam, inclusive em redes sociais, e repetiram hoje esse comentário, de que Roma não é confiável: alguns apontam a “traição” ao projeto de ACM Neto, seu ex-padrinho político, e outros dizem que o parlamentar apenas simularia sua briga com Neto.
“Não duvido que estariam unidos em um segundo turno ou em um governo de um ou do outro”, diz um bolsonarista baiano – a tese se aproxima da opinião de petistas que dizem que Bolsonaro seria tanto candidato de Neto quanto de Roma, sendo que o primeiro não admitiria, mas tem a base parlamentar beneficiada por esta aliança.
Em resposta a matéria publicada hoje neste Política Livre sobre o suposto pacto com Wagner, Roma, além de dizer que a notícia sobre seus diálogos com o senador petista não têm cabimento, declarou: “Alguém caiu do cavalo e não sabe para onde está batendo a cabeça. Se tem um que faz oposição ao PT, contra Lula, que está ao lado de Bolsonaro, esse alguém se chama João Roma. Sou diferente de outro candidato que tenta dissimular, se vender como queridinho do Lula por um lado, ao passo que tenta se aproveitar do desejo de mudança dos eleitores de Bolsonaro de outro; e, ao mesmo tempo em que ataca o presidente”, provocou Roma, em uma referência ao pré-candidato ACM Neto (União Brasil).
Política Livre