Sem citar escândalo no MEC, presidente afirma mais uma vez que pode atuar fora das “quatro linhas da Constituição”
Um dia após ser citado em investigação da Polícia Federal por suspeita de vazamento de informações ao ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, o presidente Jair Bolsonaro afirmou a apoiadores que considera ‘ter um exército que se aproxima de 200 milhões de pessoas’. A declaração ocorreu neste sábado, 25, em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, onde ele participou de um evento evangélico.
Durante o discurso, que durou cerca de 20 minutos, Bolsonaro não fez qualquer menção à prisão de Milton Ribeiro, investigado por indícios de tráfico de influência e corrupção na pasta.
O presidente exaltou o valor da família, fez críticas à esquerda e voltou a ameaçar atuar contra a Constituição “se preciso for”. “Sempre tenho falado das quatro linhas da Constituição. Mas tenho certeza, se preciso for, e cada vez mais parece que será preciso, nós tomaremos as decisões que devem ser tomadas. Cada vez mais eu tenho um exército que se aproxima dos 200 milhões de pessoas nos quatro cantos desse país”, afirmou.
Sem citar Milton Ribeiro, ele disse ainda que não poderia ficar “calado” se estiver ocorrendo “algo de mal” com outras pessoas. “Não podemos admitir que enquanto estiver acontecendo algo de mal para os outros, nós fiquemos calados do lado de cá. Esse mal vai bater na sua porta um dia”, afirmou. E complementou: “Por que lutar pelo poder a qualquer preço, mesmo que custe bem estar e sofrimento para o nosso povo? Repito, seria muito mais fácil estar do outro lado”.
Na sexta-feira, o juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal do Distrito Federal, enviou para o Supremo Tribunal Federal (STF) a investigação sobre Milton Ribeiro, depois que Bolsonaro foi citado em áudio interceptado pela PF. Milton diz a sua filha que o presidente havia lhe telefonado. “Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa…”, disse.
Bolsonaro alegou ainda que essa eleições será uma “luta do bem contra o mal” e destacou a “questão espiritual”. “Nos acusam do que eles verdadeiramente são. Se julgam os donos da verdade, acham que pode tudo, até mesmo nos escravizar. Sempre digo, para mim, é muito mais fácil estar desse lado. mas não podemos esquecer de uma coisa: todos nós aqui teremos um ponto final todos nós aqui teremos um ponto final um dia”, disse. “Todos serão julgados. E as consequências? Cada um imagina qual seja a sua.”
Bolsonaro também falou contra o aborto, a ideologia de gênero e em defesa das armas. “Nessa briga do bem contra o mal. Nós sabemos o que está valendo. Um lado defende o aborto. O outro é contra. Um lado defende a família. O outro quer cada vez mais desgastar os seus valores. Um lado é contra a ideologia de gênero, o outro é favorável. Um lado quer que seu povo se arme para que cada vez mais se afaste a sombra daqueles que querem roubar a nossa tão sagrada liberdade. Povo armado jamais será escravizado”, disse o presidente.
A Tarde