segunda-feira, novembro 25, 2024

Pros declara apoio a Lula, e petista deve acatar propostas de Janones

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A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta quarta-feira (3) o apoio do Pros e avançou nas tratativas com o deputado federal André Janones (Avante).

A adesão do Pros aconteceu em São Paulo, em reunião da nova cúpula do partido com Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa de Lula, e Aloizio Mercadante (PT), coordenador do programa de governo do petista. Com isso, a candidatura à Presidência de Pablo Marçal pode ser anulada em nova convenção a ser realizada pelo Pros na sexta-feira (5).

Participaram do encontro o presidente do Pros, Eurípedes Jr., o presidente da Fundação da Ordem Social, Felipe Espírito Santo, e Bruno Pena, advogado da legenda.

Após a reunião, a direção da sigla se reuniu com o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), pré-candidato ao Governo de São Paulo, e iniciou discussões para tratar de um eventual apoio ao petista no Estado.

A direção do Pros realizará nova convenção partidária na sexta-feira (5) para avaliar o cancelamento das deliberações do encontro da legenda realizado no último dia 30 e possível apoio a Haddad.

Em nota, Pablo Marçal disse que sua candidatura foi realizada no prazo legal e que seriam necessários dez dias para convocação de uma nova convenção para retirada do seu nome, o que estoura o prazo limite de sexta-feira. O candidato disse que irá judicializar a questão se houver nova convenção.

“Seguimos firmes no propósito de destravar a nação pelo voto e de enfrentar qualquer poder que, arbitrária e ilegalmente, ouse afrontar o estado democrático de direito.”

A nova direção do Pros diz que a convenção que escolheu Pablo delegou à executiva do partido a decisão final sobre a candidatura e que, além disso, há jurisprudência que permite convocação com menos de 10 dias em casos excepcionais.

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Janones, por sua vez, já indicou que abrirá mão de disputar o Palácio do Planalto para apoiar Lula. Nesta semana, a campanha petista fez mais um gesto ao até agora presidenciável ao sinalizar que acatará propostas do deputado no plano de governo.

A expectativa é que o integrante do Avante anuncie a desistência de disputar a eleição à Presidência nesta quinta-feira (4), mesmo dia em que encontrará o ex-presidente.

Além de significar a retirada de mais um pré-candidato do páreo, o acordo com o Pros pode representar mais tempo de televisão para Lula.

A divisão oficial do tempo será informada nas próximas semanas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas o ingresso formal do Pros na coligação de Lula ampliaria levemente a liderança do petista na propaganda no rádio e na TV.

Pela lei, esse tempo é distribuído de acordo com a força partidária de cada candidato, que leva em conta a coligação formada ao seu redor. Só os seis maiores partidos da coligação contam para a divisão.

No caso de Lula ele já tem sete partidos em sua chapa. O ingresso do Pros daria ao petista 12 segundos a mais em cada bloco geral de 12 minutos e 30 segundos de propaganda, tirando do cálculo o PV, que acrescenta cerca 6 segundos.

Com isso, a candidatura do ex-presidente ficaria com cerca de 3 minutos e 16 segundos por bloco. Bolsonaro viria logo em seguida, com cerca de 2 minutos e 50 segundos.

A cúpula petista trata com cautela, porém, a conversa com o Pros porque ainda há disputa judicial em torno do comando do partido.

A antiga direção da legenda foi destituída no último domingo por decisão do ministro Jorge Mussi, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas ainda há espaço para questionamentos judiciais.

O magistrado devolveu o comando do partido ao seu fundador, Eurípedes Jr. O Pros havia oficializado no domingo (31) a candidatura do coach motivacional Pablo Marçal à Presidência da República.

Como mostrou a Folha, o Pros vive um racha interno, em uma disputa de poder que envolve inclusive negociações para tentativa de compra de sentença judicial.

Marçal disse À reportagem que pretende conversar com Eurípedes Jr. até esta quarta (3) e reconhece que sua postulação, embora já esteja registrada no TSE, está ameaçada.

“Acho que o risco existe, política é igual céu, escreve desse jeito aí. Todo dia que você acorda está diferente.”

Apesar disso, o empresário afirmou que pretende ir até o fim, que em 48 horas levou cerca de 20 mil filiados ao Pros e que pode ajudar o partido a eleger 11 deputados federais.

“Eu dediquei o ano de 2022 para a política. Deixei de faturar alguns milhões para mexer com política, para servir à nação, e vou até o fim”, disse.

Em outra frente, na busca por atrair apoios, o pré-candidato pelo Avante, André Janones, deverá se reunir com o ex-presidente Lula nesta quinta —será o segundo encontro entre os dois no último mês. De olho no potencial de mobilização nas redes sociais do deputado, a reunião poderá sacramentar um acordo.

O presidenciável já havia indicado que poderia retirar a candidatura caso suas propostas fossem incluídas na pauta de outros candidatos ao Palácio do Planalto.

Entre as pautas que o deputado levará à mesa de discussão com Lula está a manutenção do auxílio de R$ 600 e com pagamento em dobro para mães solo, a inclusão de famílias do cadastro único nos beneficiários do Auxílio Brasil, a ampliação da oferta do programa de saúde mental no Brasil e a implementação de lei de inclusão para pessoas com deficiência.

O grupo que debate o plano de governo de Lula também se reunirá com a equipe de Janones apara alinhar as propostas.

“O entendimento é que há espaço para o diálogo, para o entendimento e para uma ampla e construtiva convergência programática em temas fundamentais para a reconstrução do Brasil. Também para a ampliação da frente democrática liderada por Lula e Alckmin”, afirmou Mercadante, em nota.

 

Catia Seabra/Julia Chaib/Ranier Bragon/Victoria Azevedo/Folhapress

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