O candidato a deputado federal Damazio Santana, conhecido como Mazo (PSB), foi algo de injúria racial na Bahia. Ele teve o muro da casa em que vive, em Feira de Santana, pichado na madrugada desta terça-feira (20) com a mensagem “fique na senzala”.
“As pessoas não conseguem ver uma pessoa da minha cor na posição de um deputado federal. O que está na cabeça delas é a imagem que a gente vê do Congresso, que é um número insignificante de negros”, afirmou Mazo.
Nesta quarta (21), ele registrou um boletim de ocorrência em uma delegacia em Feira de Santana. Foi acompanhando do presidente municipal do PSB, Beto Tourinho. O caso será investigado pela Polícia Civil da Bahia.
Segundo Mazo, esta não foi a primeira vez que ele é vítima de injúrias raciais na campanha. Nas últimas duas semanas, diz ter recebido telefonemas anônimos em ao menos três ocasiões com insultos racistas.
“Me disseram que eu não deveria entrar na política e falaram da cor da minha pele. Eu acho isso muito pequeno, é muito chato e acaba espertando alguns gatilhos na gente de coisas que aconteceram ao longo da vida”, desabafou em uma rede social.
Criador de conteúdo digital, Damazio Santana tem 43 anos e concorre a um cargo eletivo pela primeira vez. Trabalhou entregando panfletos em semáforos, foi vendedor de shopping e estudou publicidade;
Em 2017, decidiu que iria entrar na política e projetou uma candidatura a deputado para a eleição de 2022.
Mazo diz ter uma atuação política abrangente: participa de ações sociais, defende a igualdade de oportunidades e destaca a questão racial: “Não tem como deixar de lado. É só eu respirar que essa questão está evidente”.
A disputa por uma vaga na Câmara terá um recorde de participação de candidatos declarados negros em 2022. Foram inscritos 4.932 postulantes pardos ou pretos, o equivalente a 47,7%.
No pleito anterior, eram 3.561 os concorrentes negros ao cargo de deputado federal, ou 41,7%.
Em dezembro de 2021, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aprovou resolução que estabeleceu regras de distribuição dos recursos do fundo eleitoral para este ano.
As legendas precisam distribuir o dinheiro para financiamento de campanha de forma proporcional para candidatos negros e brancos, considerando o número de postulantes em cada partido.
Além disso, a partir deste ano os votos dados a candidatas mulheres ou a candidatos negros para a Câmara dos Deputados serão contados em dobro na definição dos valores do fundo partidário e do fundo eleitoral distribuídos aos partidos políticos. A medida será válida até 2030.
João Pedro Pitombo, Folhapress