sábado, novembro 23, 2024

Temporal recorde deixa 36 mortos, fecha estradas e põe litoral de SP em calamidade

Leia também

As fortes chuvas que atingem o litoral norte de São Paulo desde sábado (18) deixaram um rastro de destruição e mortes. De acordo com a Defesa Civil do estado, 36 mortes já foram confirmadas. Há também 228 pessoas desalojadas e 338 desabrigadas.

Entre os mortos há uma criança de 7 anos, que morreu em um deslizamento de terra em Ubatuba. Os outros 35 mortos são de São Sebastião, a cidade mais afetada pelo temporal —31 óbitos na Barra do Sahy, 2 em Juquehy, 1 em Camburi, e 1 em Boiçucanga.

No início da noite deste domingo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) decretou estado de calamidade pública para as cidades de Ubatuba, São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba, todas no litoral norte de São Paulo, além de Bertioga.

De acordo com o governo do Estado, em menos de 24 horas o acumulado de chuva ultrapassou os 600 mm em alguns pontos do litoral. As áreas mais atingidas estão entre Bertioga (683 mm) e São Sebastião (627 mm). Tais índices pluviométricos são dos maiores já registrados no país em curto período e em situação não decorrente de ciclone tropical.

O índice pluviométrico refere-se à quantidade de chuva por metro quadrado em determinado local e período. Nesse cálculo, 1 mm de chuva equivale a 1 litro de água por metro quadrado. Assim, no caso em que o volume de chuva registrado é de 600 mm, significa que choveu 600 litros de água para cada metro quadrado.

O Corpo de Bombeiros informou que recebeu um número recorde de chamadas para socorro –só para São Sebastião foram 481 solicitações. A Defesa Civil alertou para que evitem se deslocar para o litoral norte em razão da quantidade de interdições nas estradas.

A chuva também impactou o fornecimento de água. Segundo o governo do estado, algumas estações de tratamento foram afetadas pela enxurrada, que arrastou troncos, pedras e muita lama, e técnicos da Sabesp tentam desde a madrugada restabelecer o serviço. Caminhões-pipa estão disponíveis para hospitais e áreas mais afetadas. A recomendação é que as pessoas economizem água.

UBATUBA

Durante a madrugada, um deslizamento de terra fez com que uma pedra atingisse uma casa na rua Benedito Alves da Silva, no bairro Estufa, em Ubatuba (220 km de SP). Uma criança de sete anos que estava no imóvel morreu na hora, de acordo com o Corpo de Bombeiros.

A cidade registrou 335 mm de chuva, segundo a Defesa Civil.

SÃO SEBASTIÃO

A Prefeitura de São Sebastião (197 km de SP) decretou estado de calamidade pública após as fortes chuvas causarem deslizamentos de terra em diversas áreas do município. Até as 15h, a prefeitura e os Bombeiros contabilizavam duas mortes na cidade. A programação do Carnaval foi cancelada.

Segundo a Prefeitura, Fabiana de Freitas Sá, 40, coordenadora do Programa Criança Feliz, projeto do Governo Federal, vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social, morreu após a casa em que morava, na estrada da Maquinha, em Boiçucanga, desabar.

Já o Corpo de Bombeiros confirmou a morte de um bebê de nove meses em Camburi.

À reportagem, o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB), disse que não é possível chegar à cidade por nenhuma estrada, pois todas estão interditadas. Segundo ele, a região mais afetada é a Vila do Sahy.

“Diversas casas desmoronaram, muitas pessoas ainda estão debaixo dos escombros. As equipes de busca e salvamento não estão conseguindo acessar diversos locais. A situação é muito caótica”, disse Augusto em transmissão ao vivo nas redes sociais.

A Prefeitura de São Sebastião abriu escolas para receber famílias desabrigadas. Em locais mais afetados, como a travessa Antônio Tenório, no Itatinga, moradores estão sendo removidos e encaminhados para esses abrigos.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), acompanhado do coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Henguel Ricardo Pereira, está na região e afirmou que a prioridade é liberar as vias para que o socorro consiga chegar.

Serão usados helicópteros das Forças Armadas e da Polícia Militar no resgate, e os feridos serão transferidos para hospitais de Caraguatatuba e de São Paulo. Um comitê para gerenciar as ações de atendimento aos desalojados e desabrigados foi montado.

BERTIOGA

Bertioga foi a cidade que registrou o maior volume de chuvas. Segundo a Defesa Civil, foram 687 mm nas últimas 24 horas. Há diversos pontos de alagamentos, inclusive na Riviera de São Lourenço, bairro de alto padrão.

Em imagens publicadas nas redes sociais é possível ver um homem enfrentando a enchente com água na altura das coxas na região da praia de Guaratuba.

Em comunicado nas redes sociais, a Prefeitura de Bertioga afirmou que as atrações de Carnaval foram adiadas em razão das fortes chuvas.

CARAGUATATUBA

Em Caraguatatuba também houve registro de alagamentos. A cidade registrou acumulado de 395 mm. Até as 17h de domingo (19), segundo a prefeitura, foram acolhidas em abrigos 34 pessoas, entre adultos e crianças. Além disso, cerca de 200 pessoas ficaram desalojadas e foram para casas de parentes.

Equipes da prefeitura trabalharam ao longo do domingo na limpeza das ruas, retirada de árvores caídas, desobstrução de valas e limpeza de rios, como Guaxinduba e Itororó, para melhorar o escoamento da água e reduzir os alagamentos.

ILHABELA

Ilhabela está em estado de atenção. O Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) colocou a região sul do arquipélago em estado de atenção devido às fortes chuvas que atingiram a cidade. Em 18 horas, choveu 337 mm no local, segundo o governo do estado.

A Defesa Civil atende neste domingo a ocorrências de deslizamentos de terra, alagamentos e quedas de galhos e postes da rede elétrica. Há monitoramento nas áreas de risco.

O transporte público entre os bairros Barra Velha e Borrifos está fora de operação e sem previsão de normalização.

O abastecimento de água na cidade está interrompido. A prefeitura pede para que a população evite desperdiçar água até a normalização do sistema.

GUARUJÁ

A chuva também causou estragos no Guarujá (93 km de SP), na Baixada Santista. Na região do Jardim Acapulco —um condomínio de alto padrão—, ruas e casas ficaram alagadas. Ao todo, 190 pessoas ficaram desalojadas e foram montados dois polos para receber essas famílias.

Segundo a Prefeitura, foram registrados quase 400 milímetros na cidade, ultrapassando a previsão de 234 milímetros para todo o mês de fevereiro e alcançando o maior índice da série histórica nos últimos 70 anos.

MOGI-BERTIOGA INTERDITADA

A rodovia Mogi-Bertioga (SP-98) está interditada na altura do km 82, em Biritiba Mirim, devido ao rompimento de uma tubulação e consequente erosão causados pelas fortes chuvas que atingiram a região.

A interdição, de acordo com o DER (Departamento de Estradas de Rodagem), ocorre desde a 0h30 deste domingo.

Não há previsão para liberação da pista. Os motoristas são orientados a usar como rotas alternativas as rodovias do sistema Anchieta-Imigrantes (SP-160 e SP-150), Tamoios (SP-99) e Oswaldo Cruz (SP-125).

RIO-SANTOS

Durante a madrugada, a Rio-Santos (BR-101) foi interditada no trecho entre os km 10 e 35, em Ubatuba (SP). De acordo com a concessionária CCR RioSP, a medida se deu devido às chuvas, que tornaram perigoso o tráfego no trecho.

A rodovia foi liberada na manhã deste domingo, após uma vistoria.

Em Bom Jesus da Lapa e região.

Francisco Lima Neto/Clayton Castelani/Cláudio Oliveira/Aline Mazzo/Stefhanie Piovezan/Folhapress

Deixe um comentário

Por favor, insira seu comentário!
Por favor, insira seu nome

spot_img

Última notícias