Na multidão não faltaram testemunhos de mulheres que se apegam à Mãe do Bom Jesus para enfrentar suas dores
A manhã de 15 de setembro, na Capital Baiana da Fé, começou com os sons dos fogos e o anúncio de que este é um dia especial. É Festa da Virgem da Soledade, Mãe do Bom Jesus, Co-padroeira do Santuário do Bom Jesus da Lapa e protetora daqueles que passam pela solidão, desespero e angústia.
A Santa Missa festiva, às sete horas da manhã, é o ápice dos oito dias de romaria, dos quais, sete foram de preparação. A cada noite, a meditação das dores de Maria trouxe reflexões e exemplos a serem seguidos.
O presidente da celebração, Dom João Cardoso, falou sobre os momentos que antecederam o grande dia. “Nós nos reunimos, nos preparamos através da piedade cristã, através da celebração eucarística, das confissões. E cada dia refletimos as dores que Nossa Senhora sentiu como Mãe do Bom Jesus. Os discípulos de Jesus o abandonaram, a sua Mãe não o abandonou. Lacrimosa, mas de pé, sem perder a ternura, sem perder a esperança. Ela é a Mulher que vence a serpente com seu sim e sua entrega obediente a Deus. Se a perdição entrou no mundo pela desobediência de Eva, a salvação entrou pela obediência de Maria.”
Segundo a Polícia Militar, cerca de 30 mil pessoas participaram da Missa festiva. Na multidão não faltaram testemunhos de mulheres que se apegam à Mãe do Bom Jesus, para enfrentar suas dores. “ Já alcancei muitos milagres, peço força para Nossa Senhora. Eu tenho dois filhos falecidos, chorei e pedi tanta força para não ficar com depressão e hoje eu estou bem. Meu neto também passou por momentos de escolhas erradas, mas eu pedi muito e hoje em dia ele ‘tá’ outro. Está trabalhando, de carteira assinada, mas eu sempre ‘tô’ ali na força, na oração.” Conta a romeira Enedina Nascimento, de Ruy Barbosa, na Bahia.
O título mariano semelhante ao da Soledade e mais conhecido e celebrado nesta data, no Brasil, é o de Nossa Senhora das Dores. No entanto, em Bom Jesus da Lapa, ele recebeu este nome e devoção graças ao fundador do Santuário, padre Francisco da Soledade, que o trouxe de Portugal, sua terra natal.
A imagem original foi trazida por Francisco em 1691. Porém, mais de dois séculos depois, sofreu um incêndio e foi totalmente perdida, no ano de 1903. No ano de 1953 teve sua devoção recuperada pelo Monsenhor Turíbio Vila Nova, padre Espanhol e vigário da época. A imagem atual foi confeccionada no ano de 1952, no Rio de Janeiro, a pedido do mesmo, e passou por restaurações ao longo dos anos.
Segundo padre Roque Silva, reitor do Santuário, ela possui características únicas. “Aqui, particularmente, por causa do fundador do Santuário, Das Dores recebeu o nome de Soledade. Que quer dizer ‘solidão, saudade e ao mesmo tempo, esperança’. A imagem é uma configuração entre Nossa Senhora Dolorosa aos pés da Cruz, e Verônica, aquela que enxugou o rosto de Jesus e ficou com a estampa do rosto na toalha. Então, é a composição destas duas figuras numa personagem só, que compõem a Mãe da Soledade.”
A Festa da Soledade terminou nesta sexta-feira tendo como ponto alto da parte da tarde, a procissão pelas ruas, com o andor temático. A celebração de encerramento acontece às 18h, e a Missa de despedida dos romeiros, às 22 horas.
Santuário – Tamíris Batosya