Para 46% dos entrevistados, estado de sítio seria o estopim para uma ruptura democrática
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) planejou um golpe de estado. Pelo menos essa é a opinião de quase metade da população brasileira, segundo a pesquisa Atlasintel, parceira de A TARDE, realizada entre os dias 8 e 9 de fevereiro, após a deflagração da operação Tempus Veritatis (Hora da verdade) pela Polícia Federal, por determinação do Supermo Tribunal Federal (STF).
O instituto colheu as opiniões de 1.615 pessoas através de formulários distribuídos aleatoriamente pela internet em territórios geolocalizados. O nível de confiança da pesquisa é de 95% e a margem de erro de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Perguntados se o ex-presidente planejou um golpe ontra a democracia, 46,5% disseram que sim, ante 36,8% que não acreditam nessa hipótese. Nos recortes por renda, religião, instrução e opção política, alguns números se destacam.
Entre os entrevistados com ensino superior, 58,4% acreditam que Bolsonaro planejava um golpe. Essa também foi a resposta de 65,8% dos nordestinos, 87,6% dos eleitores do presidente Lula e, fato raro em pesquisas, 100% dos eleitores que votaram em Ciro Gomes no 1º turno e que responderam à pesquisa. Ainda no recorte regional, apenas no Sul (51,4% e Sudeste (45,6%) a maioria achou que Bolsonaro não planejava uma ruptura institucional.
Estado de sítio
Os evangélicos pesquisados também não acreditam que fosse essa a intenção do ex-presidente, com 47,6% das respostas. Número bastante semelhante aos 46,6% do mesmo segmento que não consideram que caso fosse decretado estado de sítio , com suspensão dos poderes do STF e realização de novas eleições, isso resultaria num golpe de estado.
Os números totais apontam o contrário. Para 46,9% dos entrevistados, o estado de sítio seria, sim, o primeiro ato para a concretização do golpe. Essa convicção aumenta de acordo com a escolaridade. Enquanto 25% dos que têm ensino fundamental acreditam nessa premissa, 53,5% dos que possuem ensino médio manifestam essa opinião, compartilhada por 59,9% dos que cursaram o ensino superior.
Chama atenção ainda a opinião de 80,3% dos que ganham entre R$ 5 e 10 mil, que acreditam na hipótese do golpe, contra índices que oscilam entre os 30 e 40% nas faixas de maior e menor renda.
Ainda sobre a possibilidade de decretação de estado de sítio, 41,3% dos entrevistados disse não apoiar a medida, contra 36,3% que estariam de acordo, uma diferença de apenas um ponto percentual acima da margem de erro.
Dos que apoiariam a medida, a maior incidência foi registrada nas regiões Norte (72,2%) e Sudeste (50,6%) e também entre os evangélicos (49,9%) e pessoas com renda inferior a R$ 2 mil (45,9%) e de R$ 2 a 3 mil (55%).
A Tarde