O Exército exonerou de cargos de comando dois militares alvos da operação da Polícia Federal que investiga o planejamento de um golpe de Estado contra a eleição de Lula (PT).
Deixaram as funções o tenente-coronel Guilherme Marques Almeida, comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas do Exército, e o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais.
As exonerações atendem à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de suspender do exercício da função pública os militares investigados pela Polícia Federal no inquérito sobre os planos golpistas.
uinta-feira (8). Segundo a decisão de Moraes, ambos teriam atuado na “produção, divulgação e amplificação de notícias falsas e de ‘estudos’ quanto à falta de lisura das eleições presidenciais de 2022”.
“Bem como sobre supostos registros de votos após o horário oficial, inconsistências no código-fonte, com a finalidade de estimular seguidores a permanecerem na frente de quartéis e de instalações das Forças Armadas, no intuito de criar o ambiente propício para a execução de um golpe de Estado”, prossegue Moraes.
No caso de Guilherme, a Polícia Federal encontrou conversas entre ele e o tenente-coronel Mauro Cid em que eles repassavam arquivos com material para disseminar informações falsas sobre o sistema eletrônico de votação.
“Acabou para o Lula!”, escreveu Guilherme em uma das mensagens, segundo a PF.
“O investigado, ainda, comemora a criação e organização de um site que contemplaria todo o material fraudulento, hospedado em Portugal, afirmando ‘nosso time é bom demais’”, disse a Polícia Federal.
Os investigadores suspeitam que Guilherme pode ter atuado na organização e disseminação de notícias falsas sobre fraudes eleitorais na tese levantada pelo argentino Fernando Cerimedo.
Além disso, o tenente-coronel Guilherme Marques atuou em 2022 no Comando de Operações Terrestres como auxiliar do general Estevam Theophilo, também alvo da operação.
A Polícia Federal suspeita que o Comando de Operações Terrestres tenha produzido um plano operacional para o golpe de Estado, em ato preparatório para atender à eventual publicação de um decreto golpista de Bolsonaro.
Hélio Ferreira Lima, por outro lado, enviou mensagens para Cid e outros militares “sempre no intuito de buscar suporte às notícias fraudulentas e ampla desinformação sobre inexistentes fraudes no pleito eleitoral para desacreditar as eleições brasileiras”.
Uma dessas mensagens encontradas pela PF possuía um documento em inglês que alegava ter identificado vulnerabilidades nas urnas eletrônicas no primeiro turno das eleições de 2022.
O documento, segundo a decisão de Moraes, insinuava a existência de “dois códigos-fonte” nas urnas eletrônicas —mentira que foi espalhada por grupos bolsonaristas apesar de as Forças Armadas terem participado da lacração das urnas eletrônicas, sem apontar fraudes.
Hélio também teria participado de uma reunião com Cid, militares da reserva e da ativa, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) na época em que se discutia o golpe de Estado. O assunto da reunião, porém, não foi identificado pela Polícia Federal.
Cézar Feitoza/Folhapress