Por Mara Cerqueira
Na política, como na vida, a fobia a mulheres em espaço de poder é realmente um caso que carece de muita reflexão, mas, sobretudo de transformação.
A cidade de Bom Jesus da Lapa tem sido palco de uma lamentável guerra de narrativas, onde as mulheres do grupo ligado ao deputado Eures Ribeiro são atacadas diariamente pelo grupo do prefeito e pré-candidato, cada dia uma mulher, sobretudo as pré-candidatas são caluniadas, e têm suas honras contestadas publicamente em grupos de redes sociais e aplicativos por apoiadores do grupo ligado a Fábio, o mais curioso, é que não se vê solidariedade da campanha e isso demonstra que o pré-candidato endossaria esse comportamento da parte de alguns membros.
As mulheres do grupo da coligação “Pra Lapa Voltar a Sorrir” se reuniram nesta tarde de quinta-feira para uma troca de experiências, debates e para se fortalecerem, com o intuito de lutarem juntas no intento de criar um ambiente político da cidade, sobretudo mais propício para a participação feminina.
Várias mulheres notáveis da cidade se fizeram presentes: A suplente de vereadora Maria Leles, Jamima Queiroz, Andreia do João Paulo II, Ritão do João Paulo II, Lucinha do Postinho, Rafinha dentre tantas outras pré-candidaturas que ainda esse ano poderão se consagrar vereadoras pelo voto popular.
O cenário é desmotivador para muitas mulheres, mas para essas do grupo do trabalho, parece ser um excelente momento para a luta. Em uma sociedade patriarcal, é natural que a presença feminina cause desconforto aos homens, principalmente por estarem acostumados a não as verem em espaços de poder.
Para quem não pensa a situação das mulheres, imaginem um espaço no legislativo, por exemplo, não é nada confortável a atuação das mulheres, que por serem minorias em quantidade requerem do apoio dos homens para uma rotina mais tranquila para elas serem efetivas dentro dos processos decisórios.
A luta pela inserção das mulheres na política já deu bons frutos, um bom exemplo é que a lei eleitoral exige 30% das vagas de mulheres para as candidaturas a vereadores, bem como a divisão dos recursos das verbas destinadas ao partido. Por outro lado, até mesmo a lei está muito à frente da cultura em que vivemos; onde as mulheres ainda não se veem nesses espaços, sobretudo pela hostilidade desses ambientes.
A maioria dos homens não consegue conceber a presença feminina na política, mesmo tendo visto a capacidade das mulheres em administrar, isso porque todo homem foi cuidado e consequentemente orientado por mulheres, mas porque mesmo aumentando o número de mulheres chefes de família, maioria em cursos universitários e maioria no mercado de trabalho ainda somos invisibilizadas na política? Essa pergunta necessita de um debate em sociedade, é preciso que a misoginia seja combatida e que as mulheres sejam menos sobrecarregadas, para que se possa pensar em uma presença mais efetiva em espaços de decisão da vida em sociedade.