Por Mara Cerqueira
Muitas pessoas desconhecem como funciona a política, pouco se reflete sobre os impactos de uma escolha de gestores em qualquer âmbito, federal, estadual ou municipal, nem no que diz respeito ao próprio significado filosófico e muito menos na prática na polis – cidade – e da sua vida pública na atualidade. A política muitas vezes é tratada como se fosse uma partida de futebol, onde voto em fulano porque me simpatizo com ele ou em sicrano, poque me deu algo pessoal.
Muita calma nessa hora, vamos começar do começo, como dizem os populares. Nosso personagem de hoje não é muito fácil de compreender e por isso requer reflexão e cuidado; Eures Ribeiro nasce politicamente em um período em que a Lapa passava por mudanças nos jogos de poderes, a primeira queda da família Magalhães em 1994, fruto de uma aliança da oposição, mas principalmente pela chegada de Arthur Maia em Bom Jesus da lapa.
Esse fato é importante para melhor explicar, principalmente aos mais jovens como foi que chegamos onde estamos. À frente do movimento estudantil secundarista, o jovem Eures com 17 para 18 anos ficou fascinado pela persona política do Irmão Maia, mas era muito cedo para iniciar qualquer movimento político mais sério, o jovem Eures precisava terminar seus estudos e cursar faculdade. Pouco se sabe desse período em que esteve fora de Lapa, apenas que não durou muito tempo e logo retornara para cumprir a jornada que percorreu.
Essa fase de Bom Jesus da Lapa foi justo quando os Magalhães recuperariam o poder da cidade em 2000, ano que foi eleito vereador. O jovem político aterrorizou a gestão de Hildebrando Magalhães fazendo uma oposição implacável na câmara de vereadores. Esse fato fez com que o nome de Eures ganhasse projeção e logo em seguida se torna o nome mais promissor da política local, posicionado na oposição.
Muito afinado com o então deputado estadual Arthur Maia, Eures estava conquistando espaço na cidade, mas essa relação azedou quando seu nome não foi o indicado a concorrer às eleições para prefeito em 2004; contam que Arthur não gostou nada da pretensão do vereador. Mas os planos de Arthur eram outros e em 2004 ajudaria a eleger o irmão Roberto Maia a se eleger prefeito da Capital Baiana da Fé.
Eures rompe com Arthur em 2004 pelo citado motivo e se consagra presidente da Câmara em oposição a Roberto Maia. O governo de Roberto foi muito aprovado pelos lapenses, com a exceção de quem não estava empoderado dentro da gestão, a oposição, que nessa época contava com nomes como: Jó Queiroz, Magela, Moisés Barbosa e outros. Estes personagens vendo o crescimento de Ribeiro como presidente da Câmara, combativo contra a gestão, vieram a viabilizar a candidatura de Eures a prefeito de Lapa em 2008, amargando uma derrota, mas se consagrando como o líder da oposição local.
O jovem político estava no lugar certo e na hora certa, pois, se não tivesse dinheiro e apoio não teria condições de disputar contra a máquina pública.
Observem com uma breve história, que na política, uma hora estamos posicionados de um lado e outra hora em outro, e só logra êxito nessa matéria, quando se percebe esse movimento, e não significa que o agente político está errado ou certo, só significa que na política você precisa pensar de modo mais dinâmico.
Ultimamente tem se falado que Arthur e Eures têm um projeto de poder. Ora! Mas quem desses políticos todos que estão aí não têm? Outra bobagem que a equipe de Fábio tenta colar é que pessoas de fora da cidade ganhariam poder nessa gestão, faz-nos rir, logo essa gestão lotada de interesses externos? Neste caso é preciso fazer justiça, Eures tem muita culpa nisso, mas a boa nova é que ele poderá corrigir esse equívoco no seu mandato Eures III.
Eures III seria um mandato interessante, primeiro por que teria a possibilidade de jogar no mais profundo anonimato nomes que só vieram a ter poder por apoio dele, pessoas que sem nenhum predicado vieram a construir poder sem nenhuma relevância real na comunidade. Outros tipos que Tiveram ascensão nos últimos tempos, foram os famigerados “puxa sacos”, que hoje servem ao atual gestor, pessoas que imaginam que só é preciso ser o querido do poderoso para ter um emprego público, se esquecendo de se prepararem para os cargos que requerem boa formação para exercerem qualquer função; justiça seja feita, esse não é um problema só de Eures como gestor, geralmente isso acontece muito com quem fica muito tempo no poder, pois os oportunistas vêm se aproximando e na maioria das vezes são pessoas fascinantes e muito manipuladoras.
Fato é, que num terceiro governo, caso se eleja, Eures terá a possibilidade de jogar muitos frutos podres para fora da sua gestão, “Separar o joio do trigo”, de certo modo ele já o fez, quando se colocou pré-candidato, e pode confirmar quem realmente esteve com ele. Sabe-se à boca miúda, que o pré-candidato tem recebido muitas mensagens de apoiadores que lhe justificam a não posição pública a seu favor, muitos lhe visitam na calada da noite, e outros tantos ficam quietos, mas asseguram em off que votarão nele e na hora certa irão lhe defender,
Um assunto ainda mais sério é o caso do PT- Partido dos Trabalhadores, que além de ter dado apoio a Fábio, ainda trouxe grande parte dos seus filiados para dentro do governo local, demonstrando o que realmente queriam, mas disso pode-se tratar em outro texto. O que é relevante aqui é a renovação do político Eures Ribeiro: com cerca de 50 anos de idade, já pode e deve ter uma postura mais madura em relação ao legado que poderá deixar para a cidade, tudo indica que ele está tendo aconselhamento de pessoas mais sensatas, que tem tido tempo para pensar nos seus erros e principalmente, que a traição daqueles que ele apoiou só lhe ensinaram que mais vale um amigo lhe dizendo a verdade, que dez inimigos lhe mentindo.