Por Mara Cerqueira
Um dos cantores brasileiros mais aclamados desde os anos 90 cantou para um modesto público na cidade de Ibotirama. O show que faz parte da programação das comemorações em homenagem ao aniversário da cidade que se dá no mês de agosto.
Quem acompanha as festividades da “Cidade Sol”, sabe que a segunda semana de comemoração prima pela cultura raiz, para assim dizer, trata-se dos festejos tradicionais da cidade, com artistas do mesmo segmento: na primeira noite a animação ficou por conta do Festival Nacional de Poesia, onde os poetas declamam seus poemas em uma linda disputa entre vinte artistas, em seguida, Edson Gomes e seu filho Isaque Gomes animaram uma multidão que prestigiou o regueiro mais amado da Bahia.
No domingo, 18 de agosto, foi realizada a final do Festival de Música que teve sua etapa de eliminatória na sexta-feira que finalizou o dia com show do cantor Jau, depois da premiação, o espetáculo ficou por conta do paraibano, Chico Cézar, músico, cantor e compositor, Chico é um dos artistas mais aclamados da categoria música tradicional da MPB (Música Popular Brasileira), possui uma competência vocal como poucos, uma execução de excelência no violão, seu instrumento profissional e compõe letra e melodia como poucos, pertencendo a uma lista privilegiada de artistas completos.
O show de Chico é impecável, e o destaque é para sua banda composta por homens e mulheres, como ele mesmo disse. Segundo ele, o termo certo é ‘machifeme’ e explica que no nordeste é quando falamos em algo que alude os dois gêneros.
Além de ter uma banda inclusiva, o show tem um repertório com uma temática politizada, onde ele cita o caso Mariele, fascismo, racismo e outros temas. Por conta da postura política, o artista tem enfrentado muitas criticas, mas ele mesmo tem dito em entrevistas que não se importa, e no memento Chico prefere fazer o enfrentamento à esquerda, deixando claro sua posição política, mesmo que perca parte do seu público, que vem principalmente das camadas médias da sociedade.
A grandiosidade de um show como o de Chico Cezar nem sempre é recebida como deveria nos interiores do Brasil, muitas vezes por falta de apoio às tradições da parte dos governantes, mas sobretudo pela estratificação do “show business”, ainda mais impulsionado pela revolução tecnológica, mas a cultural da resistência pode até ser invisibilizada muitas vezes, mas ela não acaba, vai ter sempre quem queira prestigiar um espetáculo desses em qualquer lugar que ele aconteça.
Ibotirama está de parabéns pela sua tradição em contemplar toda a sua população, respeitando todos os gostos e imortalizando a cultura e as tradições do povo brasileiro.
