Deputados de oposição lamentaram o acordo feito pela bancada do PDT na Câmara para apoiar a PEC dos Precatórios e disseram que o posicionamento fragilizou o combate à proposta, aprovada em primeiro turno com 312 votos a favor da proposta —eram necessários 308 votos para que a PEC recebesse o aval da Casa.
Quinze deputados do PDT votaram favoravelmente à PEC, sob o argumento de terem conseguido negociar prazo menor para o pagamento dos precatórios da educação, de 10 para 3 anos.
Os parlamentares da oposição ponderam, por outro lado, que o apoio do PDT será necessário para tentar derrotar a PEC na votação em segundo turno, marcada para terça-feira (9).
“Fizemos de tudo para que eles [PDT] voltassem ao leito natural que era votar conosco. Mas a bancada preferiu outro caminho. O desgaste é muito grande. Respeito a decisão deles, mas acho que foi uma decisão que enfraqueceu a oposição e podem pagar caro politicamente por isso”, diz José Guimarães (CE), deputado e vice-presidente do PT.
“Queremos dialogar muito com o PDT para que ele componha a oposição. O diálogo está sendo feito com PDT e PSB para que ajudem a derrubar a PEC do Bolsonaro”, afirma Bohn Gass, líder do PT na Câmara.
“Para nós foi uma surpresa, já que o PDT sempre tem posições muito firmes. Fragiliza a oposição, é ruim para a gente. Agora temos que correr atrás do prejuízo para que o PDT reveja sua posição. Temos esperança nisso”, diz Perpétua Almeida (PCdoB-AC).
Orlando Silva (PCdoB-SP) diz que a postura do PDT faz parte do processo e tem relação com o histórico de próximidade do partido com os professores.
“Na minha opinião, foi um equívoco político. Nós podemos defender o auxílio emergencial, o Auxílio Brasil. Votaríamos a favor de um crédito extraordinário que criasse um fundo que garantisse auxílio para o Brasil. Mas não podemos aceitar que você viole os direitos de pessoas cujas ações transitaram em julgado na Justiça”, diz.
“Do jeito que fizeram, criaram um espaço fiscal de R$ 100 bilhões para jogar a dívida dos outros governos. É como comprar com o cartão de crédito dos outros.”, completa.
Para Silva, contudo, a divergência do PDT com a maior parte da oposição é natural, faz parte do processo e tem de ser superada em nome da unidade para tentar reforçar a resistência à PEC.
“O posicionamento do Ciro [Gomes, que suspendeu sua candidatura à Presidência] foi muito firme e abriu um horizonte de realinhamento do partido”, afirma Orlando. “A oposição deve buscar edificar sua ação política. A votação de ontem acabou ontem. Temos que retomar o diálogo na oposição, juntar forças para derrotar a PEC do calote. Há espaço enorme para diálogo”, acrescenta.
“Temos que mobilizar não só esses votos, mas buscar outros. O governo vai buscar mais votos. Temos que ir além de reconquistar PDT e PSB”, conclui o parlamentar do PCdoB.
Painel/Folhapress