União de forças dá sinal de que algo pode mudar a partir de 2022
O regime democrático nem sempre é o que rezam seus preceitos, mesmo assim, em um país como o Brasil onde se exerce a Democracia de direito representativo, em linhas gerais, as entidades participam do processo político, e foi por isso que depois do fim da ditadura militar, com o voto das classes, o poder público passou a ter a representantes do povo, com o governo comprometido com associações, sindicatos, institutos e outras organizações.
Em Bom Jesus da Lapa pode-se traçar o perfil de situação e oposição a partir de uma realidade política que fez a Bahia passar por um processo de grande transformação social, quando o ex-governador Jaques Wagner assumiu o poder em 2007.
Daí por diante o modelo PT de governar aproximando-se das classes menos favorecidas e financiando as entidades de classe, houve um domínio que notadamente enfraqueceu os que se dizem de oposição, os carlistas ou neoliberais.
Eures Ribeiro, um jovem político bastante populista, pegou o bonde do momento e ganhou três eleições para prefeito, sendo duas para ele governar e uma para seu indicado Fábio Nunes, que é o prefeito atual.
Em um período de dez anos, Eures aproveitou sua chance e fazendo uma política de visibilidade, ganhou respeito de uma parcela da população baiana, uma vez que foi presidente da União dos Municípios da Bahia e hoje tem status de secretário estadual.
O ex-prefeito soube arregimentar uma legião de seguidores, devido investir o dinheiro público em obras essenciais e outras voltadas ao seu desejo de ter o nome marcado na história da cidade, como as praças que transformaram o centro da cidade ou o novo aeroporto, ainda com a perspectiva de no futuro poder apresentar sua menina dos olhos, ou seja, o caminho da fé, uma passarela em torno do morro do santuário do Bom Jesus.
Tratando de oposição, naturalmente quando Arthur Maia voou para ser deputado federal em 2011, todas as lideranças e pessoas que estavam no seu grupo ficaram sem chão, mesmo porque o irmão Roberto Maia abandonou a política e ali findava um ciclo de quase 20 anos de domínio político na capital baiana da fé.
Muita gente que vive da política em razão de a cidade não oferecer muita oportunidade de trabalho, prontamente migrou para o grupo de Eures, depois que ele ganhou a eleição, quando Moizés Barbosa sem muita experiência política teve a coragem de disputar o pleito com Eures e exerceu um papel importante para manter esperanças de organização das forças oposicionistas, o que não aconteceu.
Diante do compromisso, os adversários de Eures não demonstraram força de vontade, uns por ressentimento de Arthur Maia, de Roberto Maia, de Moizés ou dos Magalhães.
O momento mais melancólico foi em 2016 quando o vereador Enio Guedes não teve apoio e obteve pouco mais de seis mil votos, consolidando o poder e a liderança de Eures Ribeiro numa prova de que os ciclos do poder na política duram 20 anos ou pouco mais.
Moizés, mesmo perdendo a eleição em 2020 que ele sabia ser difícil de ganhar, obteve votos suficientes para deixá-lo animado em prosseguir almejando um cargo no poder público. O feito do empresário foi histórico, uma vez que sem contar com nenhuma coligação, sem ter outros grupos de oposição engajados em sua campanha, obteve 12.525 votos, e ainda viu um candidato a vereador do seu grupo ser eleito.
Talvez os processos políticos sejam lentos, mas existe a perspectiva de a Bahia voltar a ser governada pelo grupo de oposição devido à popularidade e ao dinamismo de ACM Neto. Este fato está animando a oposição lapense e parece não haver mais divisão.
João Magalhães e Moizés não se entenderam em 2020, entretanto, estão juntos pelo menos no que se refere à visita de Neto nesta quinta-feira, 16, a Bom Jesus da Lapa. Alfredinho Magalhães e Arthur Maia estão reconhecendo que Moizé é dono dos votos de oposição e juntaram-se a ele, deixaram de lado as diferenças e através da Codevasf, o presidente da União Brasil, o antigo Democratas, em Bom Jesus da Lapa, vai sendo apresentado a muitos prefeitos da região pelo estrategista Harley Nascimento.
Bom Jesus da Lapa tem cinco vereadores de oposição atualmente, que podem estar prestigiando a vinda de Neto, há outros, porém, que provavelmente votarão nas eleições com o futuro candidato a governo da Bahia, dentre eles, Sérgio do Bandeira, Zenilton e Gedson, o que seria a maioria dos representantes do povo na Câmara quando se conta os nomes de Léo de Lió, Ernesto Fraga, Coriolano, Leonel Cardoso e Jair do Leocádio.
As propostas de Neto vão ser fundamentais para manter o grupo de oposição coeso em torno do nome de Moizés para deputado estadual no ano que vem. O postulante ao governo da Bahia vai poder ter conversas reservadas com as lideranças e assim mostrar que pode contar com o voto de Bom Jesus da Lapa.
Diante da perspectiva de Eures já contar com votos suficientes para ser eleito deputado, como já foi em 2010, Moizés certamente será bem votado em Bom Jesus da Lapa e nas cidades do entorno. E precisa contar também com a vitória de Neto, porque sendo ou não deputado, seria uma grande força para inaugurar um novo ciclo de poder em 2024.
Por Emanoel Virgino