Parcela diz ser mais fácil derrotar senador do PSD
A possibilidade da mudança na cabeça de chapa governista com uma candidatura do senador Otto Alencar (PSD) ao governo não altera a confiança de deputados de oposição, para quem o favoritismo do pré-candidato ao governo pelo União Brasil, ACM Neto, é mantido qualquer que seja o adversário na disputa.
Umas das colocações postas por oposicionistas é que uma candidatura de Otto dificultaria a transferência de votos do ex-presidente Lula para o senador do PSD. “Como dizem que Lula prefere eleger senadores que lhe deem apoio a governadores nos estados, talvez queiram Otto para o sacrifício. Eu considero melhor enfrentar Otto”, disse um dos integrantes da base de Neto que preferiu comentar sem ter o nome citado.
O líder da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia, Sandro Régis (União Brasil), falou abertamente sobre o favoritismo de Neto. “Eu acredito na vitória de ACM Neto independente do adversário. Nós não vamos escalar o time adversário. Estamos preparados para disputar contra qualquer adversário e travar um bom debate sobre os problemas do nosso estado. Vamos propor ao povo baiano um debate sério e responsável sobre os desafios e apresentar o melhor plano de governo já visto na Bahia. O desejo de mudança é um sentimento muito forte que estamos percebendo na Bahia, e continua crescendo”, disse o líder da oposição na Assembleia Legislativa, Sandro Régis (União Brasil).
Segundo Régis, “as pessoas veem em Neto a representação desse sentimento [de mudança]. É um nome que mostrou competência administrativa, chega com um ‘know-how’ muito grande após uma administração muito bem sucedida que virou referência para o país. É essa gestão que nós queremos para a Bahia, para resolver os graves problemas do nosso estado, principalmente na educação, segurança e economia”.
Cenários
Após a conversa do ex-presidente Lula (PT) com o próprio Otto, o vice-governador João Leão (PP), o governador Rui Costa (PT) e senador Jaques Wagner (PT), tanto Otto quanto o senador petista disseram que suas candidaturas ao Senado e ao governo estavam mantidas.
O cenário aventado anteriormente traria Rui Costa como candidato ao Senado, escanteando Wagner, com Otto na cabeça da chapa.
Há também outra configuração na qual Rui e Leão renunciariam em conjunto e a Assembleia Legislativa, onde o governo tem ampla maioria, elegeria Otto de forma indireta. Em outubro, ele poderia concorrer à reeleição encabeçando uma chapa com Ronaldo Carletto (PP) na vice e Rui ao Senado com Leão como suplente.
A colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo, também noticiou ontem que Lula, em conversa com o presidente nacional do PDT, ofereceu a retirada de candidaturas do PT na Bahia, em Minas Gerais e no Amazonas para ter o apoio dos pessedistas à sua candidatura à Presidência da República ainda no primeiro turno. Em entrevista a este Política Livre na quarta-feira (16), Otto disse que apoiar Lula no primeiro turno era inviável.
Mendonça x Mendonça
O presidente estadual do PDT e deputado federal, Félix Mendonça Júnior, disse que uma possível candidatura de Otto não muda o cenário de favoritismo de ACM Neto, mas altera o discurso de petistas sobre a transferência de votos de Lula para o candidato apoiado pelo ex-presidente no estado. “Não fica mais o 13 [do presidente] com o 13 [do candidato ao governo]”, disse Félix Jr, que também espera viabilizar uma vaga para o PDT na majoritária que será encabeçada por Neto.
“Se for esse cenário com Otto candidato, poderemos ter Mendonça dos dois lados”, disse o pedetista. Félix lembrou que Otto entrou na política por indicação de seu pai, o ex-deputado federal Félix Mendonça. “Ele foi candidato a vice-prefeito na chapa de Edivaldo Brito, naquelas eleições [de 1985] em que Mário Kertész foi eleito prefeito de Salvador. Ele foi indicado por meu pai, que é primo da mãe de Otto”, disse Félix Júnior.
O pedetista salienta, entretanto, que não pode haver desdém à figura de Otto Alencar – alguns integrantes da base do ex-prefeito ACM Neto entendem que uma disputa contra o senador do PSD será mais fácil que um embate contra Jaques Wagner. “Quem vier, tem que ser tratado com respeito, nunca com desdém. Embora eu considere que o cenário não muda [sendo Otto ou Wagner candidato”, comentou Félix Jr.
Davi Lemos – Política livre