Para assegurar que agricultores e agricultoras familiares que vivem em áreas tradicionais de fundo de pasto, no semiárido da Bahia, tenham sustentabilidade nas atividades produtivas, acesso à alimentação e à renda, preservando o bioma Caatinga, o Governo do Estado, por meio do projeto Pró-Semiárido, está implantando mais de 700 tecnologias sociais de captação e reuso de água e instalando equipamentos que produzem energia limpa e eficiente.
As ações ambientais estão ocorrendo em comunidades rurais de 11 municípios dos territórios de identidade Piemonte da Diamantina, Piemonte Norte do Itapicuru e Sertão do São Francisco, onde atuam diversas entidades que prestam assessoria técnica continuada (ATC), parceiras do Pró-Semiárido, projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), co-financiado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).
São mais de R$ 3 milhões investidos, de forma descentralizada, para atender a demanda das famílias por água, para o consumo e a produção de alimentos e tecnologias que reduzam o uso de lenha da Caatinga, a exemplo dos fogões ecoeficientes. Essas comunidades contam ainda com o acompanhamento sistemático de técnicos e técnicas extensionistas, que dão suporte às ações e realizam momentos de reflexão e sensibilização para o cuidado com a natureza.
“Nessas mobilizações são abordadas a importância das ações ambientais do projeto, função e perfil de cada uma das tecnologias sociais e, a partir disso, são realizadas readequações no quantitativo das tecnologias sociais. Em torno dessas readequações, as famílias podem se organizar de acordo com o interesse e perfil para realizarem a gestão de cada uma das tecnologias de forma sustentável”, explica Bruna Ribeiro, engenheira agrônoma que faz o acompanhamento das ações ambientais do projeto.
Para o presidente da Associação da Comunidade Lagoa do Barro, no município de Campo Alegre de Lourdes, Leandro Lacerda, a ação é importante porque estimula as pessoas da comunidade a proteger e preservar mais o meio ambiente. “A expectativa com a chegada das tecnologias sociais é muito boa, porque vai incentivar mais as pessoas que estão envolvidas e àquelas que estão afastadas”.
A construção de tecnologias aliada à ação de recaatingamento, que consiste no isolamento de áreas da Caatinga e plantio de mudas de árvores nativas, com o intuito de preservar o bioma, vão ajudar a recuperar cerca de 1.000 hectares de vegetação. Para além disso, o projeto está lançando uma campanha denominada Defensores da Caatinga, que visa estimular a consciência ambiental e a preservação do bioma.
Tecnologias
Gestão da Água – Implementação de tecnologias de tratamento de água e saneamento rural, que possibilitam a economia de água para fins agrícolas e outros usos menos nobres, como o reuso de águas cinzas (água proveniente do banho, lavagem de roupas e pratos), Bioágua e o sistema de reuso total, que incluem os efluentes do esgoto doméstico – UASB.
Além destas, estão sendo implantadas as cisternas de consumo humano (16m³) e as cisternas de produção (52m³), a fim de potencializar o armazenamento de água da chuva para fins de consumo e de produção agropecuária.
Energia – Construção de ecofogões ou fogão ecológico, que tem como principal objetivo o uso sustentável da madeira (lenha) retirada da Caatinga e o Biodigestor, uma tecnologia sustentável que decompõe matéria orgânica, como esterco de animais, gerando biogás que é utilizado para substituir o gás de cozinha tradicional.
Biomassa – Construção de viveiros coletivos para a produção de mudas de espécies endêmicas da Caatinga, a fim de recaatingar áreas isoladas e de Fundo de Pasto.
Fonte: Ascom/SDR/CAR