Quem conta é o compositor Antonio Ginco (que na época assinava Gincko), nome importante do teatro em São Paulo⠀
Por longos anos, o parceiro de Zeca Bahia na canção “Porto Solidão”, Gincko, autor da letra, permaneceu como uma lenda, uma vez que o saudoso Zeca falava pouco da história desse hit internacional.
Na verdade, o autor do poema é Antonio Ginco, poeta e teatrólogo que vive em São Paulo. Ele contou a história da canção para a Fermata do Brasil, gravadora que aceitou o projeto de lançar Porto Solidão na voz de Jessé e inscrever no Festival MPB 80, da Rede Globo.
Leia o que disse Ginco
“Numa madrugada de 1979, na cozinha do sobrado em que eu residia, escrevi uma poesia, ‘Porto Seguro: Solidão’. ⠀
Deixei-a sobre uma espécie de gabinete na própria cozinha e fui dormir. ⠀
Ao acordar, ouvi a Malu, inquilina e muito amiga de Eunice, minha mulher, cantando o que viria ser “Porto Solidão”, com Zeca Bahia, seu namorado, ao violão!
Penso que o próprio Zeca deva ter tido acesso à poesia, pois tomávamos café da manhã na cozinha de casa.
Nessa primeira versão, Porto Solidão tinha um ritmo mais ligeiro, principalmente no refrão, algo mais caribenho, também um quase lembrar o flamenco… ⠀
Zeca apropriou a poesia e fez alguns ajustes, para corresponder e melhor deslizar em ritmo no conjunto de versos e rimas. Muito surpreso com meu acordar nesse dia!”.
Música pronta, Zeca Bahia resolveu inscrevê-la no festival MPB 80 da Rede Globo.
Os executivos da sua gravadora, a CBS, indicaram Zé Geraldo para defendê-la, e foi o próprio Zeca quem lembrou de Jessé.⠀
O Maestro Eduardo Assad fez o arranjo, e a demo que foi gravada para o Festival ficou tão boa que virou a gravação definitiva!
Ginco continua:
“Quando me vi, estava ouvindo a primeira versão em fita cassete na casa de um amigo e ficamos estupefatos. Ouvimos várias vezes. ⠀
A voz do Jessé era algo absurdamente impressionante. Até hoje me pergunto quem mais possui uma oitava como ele. ⠀
E quando saímos da casa, jamais esquecerei: o pôr do sol! O Universo nos pôs boquiabertos.
Naquele momento, fomos possuídos pela certeza de que Porto Solidão seria o que todos sabemos que foi, e ainda é”.⠀
Apesar de não ter sido finalista no Festival, “Porto Solidão” foi a música que fez mais sucesso, e Jessé foi sagrado o melhor intérprete. ⠀
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A história está no ótimo livro de Ruy Godinho “Então Foi Assim?”, com histórias deliciosas sobre vários clássicos da música brasileira.
Com informações da Fermata