A União Brasil oficializou a pré-candidatura à Presidência da República de Luciano Bivar, em um movimento que praticamente sepulta as pretensões do ex-juiz Sergio Moro de disputar o cargo.
A decisão foi anunciada nesta quinta-feira (14) após reunião virtual que teve a participação das principais lideranças da legenda.
“A Comissão Executiva Nacional Instituidora do União Brasil aprovou na manhã desta quinta-feira, 14 de abril, por unanimidade, a indicação do presidente nacional do partido, deputado Luciano Bivar, como pré-candidato à presidência da República”, divulgou o partido em nota assinada por toda a sua cúpula.
A direção do partido reafirmou no documento que vai continuar se reunindo com os “demais partidos que compartilham os mesmos ideais e projetos em busca de um nome de consenso”. A União Brasil negocia com MDB, PSDB e Cidadania o lançamento de uma candidatura única à Presidência.
Agora pré-candidato, Bivar vai se retirar da negociação “para facilitar o diálogo”. Os novos representantes do União Brasil nas tratativas serão o vice-presidente Antônio de Rueda, o líder na Câmara dos Deputados, Elmar Nascimento (BA), e o líder do partido no Senado, Davi Alcolumbre (AP).
Nas vésperas do fechamento da janela partidária, Sergio Moro deixou o Podemos para se juntar à União Brasil, sigla com mais recursos financeiros e tempo de televisão. Disse que abria mão “nesse momento” de disputar a Presidência da República.
No entanto, dias depois, voltou a se articular para ser o nome da União Brasil, sigla que surgiu com a fusão de DEM e PSL, na principal disputa de outubro deste ano. A movimentação irritou algumas das principais lideranças, que chegaram a ameaçar impugnar a sua filiação. .
Na semana passada, em viagem a Washington (EUA), Moro disse que seu nome ainda estava “na mesa” e que nunca desistiu da eleição presidencial.
“Meu nome segue disponível na mesa. É claro, isso depende da decisão do presidente do partido, Luciano Bivar. Eu disse desde o começo que nunca desistiria da eleição presidencial. Isso [mudar de partido] foi apenas dar um passo atrás, que eu senti ser necessário para ter a possibilidade de vencer”, disse o ex-juiz.
A resposta mais forte veio nesta semana, quando uma ala do partido decidiu lançar Bivar, que é presidente do União Brasil, pré-candidato à presidência. O anúncio foi feito pelo líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento (União Brasil-BA).
“Nós entendemos que [Bivar] tem todas as qualificações para liderar não só o nosso partido, mas todos os outros partidos do centro democrático que têm conversado nos últimos tempos”, afirmou Nascimento.
O União Brasil ainda está envolvido em negociações com MDB e PSDB para o lançamento de uma pré-candidatura única no campo da terceira via, em uma tentativa de romper a polarização entre Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os tucanos mantêm por enquanto a pré-candidatura do ex-governador de São Paulo João Doria, que venceu as prévias do partido em novembro do ano passado. No entanto, há divisão dentro do partido e uma ala defende que ele seja substituído pelo ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite.
O MDB, por sua vez, lançou o nome da senadora Simone Tebet (MS). No entanto, algumas lideranças emedebistas passaram a questionar a manutenção da pré-candidatura, que tem 1% nas pesquisas de intenção de voto, defendendo que esforços e recursos partidários devem ser utilizados para eleger uma forte bancada no Congresso.
Nesta semana, em jantar na casa do ex-presidente do Senado Eunício Oliveira, alguns importantes nomes da legenda se reuniram com Lula.
Os presidentes de PSDB, MDB e União Brasil, no entanto, ainda mantêm as tratativas para tentar viabilizar uma candidatura única, apoiando o nome mais competitivo para encabeçar uma chapa. Os dirigentes devem anunciar no dia 18 de maio o nome escolhido para ser o candidato dessas siglas.
A oficialização de Bivar deve colocar mais pressão sobre os possíveis aliados para que seja definida a situação da terceira via. Internamente, há avaliação de que ele seja o nome com menos condições de alavancar a candidatura do grupo. No entanto, o peso do partido pode possibilitar que ele seja imposto como vice.
Bivar era o presidente do PSL, partido que deu guarida para a candidatura do presidente Jair Bolsonaro. O partido então deixou de ser um “nanico” para eleger uma bancada expressiva. Os dois romperam, no entanto, ainda no início do governo. Na última janela partidária, os bolsonaristas que ainda restavam migraram para o partido do presidente da República, o PL, ou para a base aliada do governo.
Renato Machado, Folhapress