quinta-feira, novembro 21, 2024

Deputado estadual Eduardo Sales apoia candidatura do PP ao governo baiano

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O líder do PP na Assembleia Legislativa, deputado estadual Eduardo Salles, admite a possibilidade de que pelo menos duas candidaturas ao governo possam surgir no grupo que atualmente dá sustentação ao governador Rui Costa (PT).

O parlamentar entente que, da mesmo forma como podem haver duas candidaturas no que ele considera ser a base do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto – com o lançamento de João Roma com o apoio de Jair Bolsonaro e a candidatura mesma do democrata – o mesmo cenário pode ocorrer numa conjuntura em que orbitam os nomes de João Leão (PP), Otto Alencar (PSD) e Jaques Wagner (PT) para a sucessão de Rui.

Salles também reitera o discurso já externado pelo líder do PP na Câmara dos Deputados, Cacá Leão, e pelo vice-governador, de que o apoio dado nacionalmente a Bolsonaro não implica uma aliança do PP baiano com o bolsonarismo no Estado nas eleições de 2022.

O líder do PP na Assembleia diz que não há referência junto aos eleitores dos progressistas baianos a Bolsonaro – , a referência, salienta, é a de que integram a base de Rui e contribuíram para os governos petistas desde 2010.

Salles ainda confidencia que as eleições de 2022 devem serão as últimas que disputará – pretende, posteriormente, se dedicar às atividades na iniciativa privada. A despeito dos convites que disse ter de João Leão, descarta a disputa por uma cadeira na Câmara dos Deputados. O líder do PP acha que a política não pode ser profissão e que os agentes públicos precisam ser humildes e aprender a ouvir críticas.

Confira a entrevista abaixo:

Política Livre – Deputado, discute-se sobre essa questão das alianças para a chapa majoritária em 2022. Se o PP vai ter candidato próprio, se vai apoiar o candidato do PT. O senhor, que é líder do partido na Assembleia, acredita que vai acontecer o quê?

Eduardo Salles  O nosso jogo está sendo jogado com regras bem definidas; temos três líderes que são o ex-governador Jaques Wagner, do PT, o nosso senador Otto Alencar, no PSD, e João Leão, vice-governador, no PP. Então essas três pessoas têm muito boas possibilidades de exercer o governo da Bahia com maestria, de uma forma tranquila. Cada um está se posicionando como pré-candidato. Como foi anunciado por Ângelo Coronel o senador Otto como pré-candidato, assim como João Leão já disse que é pré-candidato, e o senador Jaques Wagner também. Nós temos uma parceria de uma vida, nós temos uma parceria desde o começo, quando o Rui Costa tinha 5% das pretensões de votos e João Leão abriu mão de ser talvez um dos deputados federais mais votados da Bahia naquele momento para acreditar naquela candidatura e acreditar num grupo político que ia fazer a diferença na Bahia – e esse grupo político é um grupo que deu certo. Naquele momento, João Leão, eu estava junto nos comícios, ele dizia: “o Ibope não passou por aqui”. Era o que ele falava em todo momento e ele quebrava o gelo nos comícios sempre brincando. A cada comício a gente via esse crescimento de Rui Costa – e esse grupo se fortaleceu e hoje faz uma gestão aprovada por 70% da população baiana. Então essa aliança, na nossa visão, tem zero por cento de possibilidade de rupturas – é cada um querendo ocupar seu espaço, mas, naquele momento que ficar definido dentro do grupo, se for visto que é melhor saírem dois candidatos, vão sair dois candidatos. Lá na base de ACM, Neto sai candidato e João Roma sai candidato do Bolsonaro. Se o do lado de lá tem dois candidatos por que do lado de cá também não poderiam sair dois?

No ano que vem vai ser um pouco mais difícil até pra organizar tudo isso, pois só há uma vaga para o Senado. Então isso dificulta um pouco a formação de uma chapa só?

Se tivessem duas vagas no Senado seria muito mais fácil essa arrumação. Mas nós temos três partidos e temos três vagas: então a composição de quem vai sair em cada é igual a escalar um time de futebol, cada jogador na sua posição correta. Temos Rui Costa que todos dizem que é imbatível no Senado, que seria talvez a primeira vez na história que um candidato a senador entra com a vaga bem sinalizada. Enfim eu acho que esse jogo está sendo jogado com todas as regras sendo obedecidas, pois ninguém está pulando nenhuma regra do jogo.

Muito se comenta que a base do governador Rui Costa está pouco satisfeita com a dificuldade de diálogo. Houve a mudança do comando da Serin. Com o Luiz Caetano, isso melhorou ou continuam as reclamações?

Posso falar como líder da bancada do PP, mas ouço comentários nos corredores dos demais deputados, e eu acho que a satisfação é unânime. Todos nós temos hoje uma sensação de que a gente tem uma atenção especial do secretário Caetano. Então, a cada momento que o secretário Caetano liga, a cada momento que a gente tem uma votação e ele liga depois da votação e diz: “olha, obrigado aí, viu, pela votação que fizeram”. Enfim é atenção. Eu acho que Caetano é um craque, ele tem a experiência política necessária, ele tem a governabilidade, a relação com o governador Rui Costa que permite a ele tocar as coisas, o governador ouve ele e eu acho que a gente tem um dos melhores momentos em relação à relação de deputados com a Serin.

A ida do senador Ciro Nogueira para a Casa Civil pode fazer o PP apoiar Bolsonaro em 2022 e influenciar também no cenário baiano?

Todos do PP sempre souberam da independência do partido nos diversos Estados. Isso é uma cláusula pétrea dentro dos Progressistas: não existe nada fechado dentro dos Estados, os Estados têm a sua independência. Sou membro da executiva nacional do partido e digo a você que, em todas as reuniões, sempre ouvimos isso. Estar no governo Bolsonaro ajudando o governo em nada indica que o partido terá um fechamento dentro do Estado da Bahia ou em quaisquer outros Estados onde não existe a sintonia. Nós temos uma sintonia grande com o governo estadual e, lá em Brasília, com o governo federal. Nós agora estamos dando a colaboração ao governo federal, nós queremos um Brasil melhor, nós queremos lutar por um Brasil mais justo, então não podemos nos esquivar de quando somos chamados a ajudar o país.

Vocês não acham que essa essa ajuda lá ao governo Bolsonaro pode sair um pouco cara aqui no momento das eleições? Algumas pesquisas mostram que ter Bolsonaro como essa referência aqui na Bahia não ajuda muito.

Não temos essa referência em Bolsonaro. Aqui nós somos vice de um governo do PT, nós não temos essa referência a Bolsonaro aqui não, mas a referência de quem está há muitos anos num grupo aqui que tem melhorado a vida dos baianos. Então isso representa quando você pega 70% de aprovação do governo Rui Costa. Isso quer dizer que a ajuda que nós estamos dando é junto com as secretarias, com a nossa bancada de dez deputados, tudo isso tem feito a gente trabalhar cada dia por uma Bahia melhor. Então a referência que a turma aqui na Bahia tem é o trabalho que nós temos feito junto com o governador Rui Costa. A análise do Brasil é uma outra análise, que fica separada claramente do que nós temos trabalhado aqui na Bahia.

O senhor já foi secretário da Agricultura, mas também foi presidente da Associação de Produtores de Café, da Câmara de Comércio Brasil Portugal e diretor da Associação Comercial da Bahia. O senhor vai sair candidato à reeleição ou pretende voltar para a vida empresarial?

A política não pode ser profissão, né? Eu vim da iniciativa privada, por 20 anos eu fui gestor de empresas privadas, rodei o mundo inteiro e entrei na política através do associativismo. Eu tenho uma vinculação muito grande com o setor privado, sou hoje presidente da frente parlamentar em defesa do setor produtivo aqui na Bahia. Eu sou presidente, Thiago Correia é vice, e nós defendemos incondicionalmente o setor produtivo. Então a gente muitas vezes a gente tem um embate até com o próprio governador, com linha de pensamentos diferentes, mas com críticas construtivas. O governador sabe que ele tem aqui no líder da bancada Eduardo Salles um crítico algumas vezes construtivo mas que sempre é fiel. Então eu acho que é muito importante o governador saber da fidelidade nossa e, ao mesmo tempo, saber que a gente tem um compromisso de também defender o que a gente acredita. Aquelas pessoas que trabalham em bares, restaurantes, a gente entrou na briga em defesa da luta deles pela abertura de duas horas a mais. Enfim, eu não tenho problema nenhum de dizer que eu defendo quem gera emprego nesse Estado nosso e vou continuar defendendo, vou continuar lutando.

Mas e a candidatura?

Respondendo a sua pergunta, eu não tenho na política uma profissão. Entrei nela, mas não tenho nenhum vereador na família, não tinha nenhuma ligação com a política, mas hoje sou uma pessoa muito ligada ao vice-governador João Leão, a quem considero o meu líder e admiro demais o jeito dele de fazer política, de realizador, de empreendedor. Tenho muito orgulho de estar ao lado dele. Ele sempre brinca dizendo que eu devo realizar algum voo mais alto de ir pra Brasília, mas eu não vou de forma alguma. Meu pensamento é estar hoje deputado estadual e depois também repensar essa possibilidade de retornar à vida na iniciativa privada. Eu tenho já dois mandatos; se Deus permitir eu terei o terceiro, mas eu não pretendo ficar a vida toda na política. Posso continuar ajudando, mas não definitivamente como deputado para o resto da vida. Isso não é meu meu desejo.

Davi Lemos – Política Livre

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