Presidente compara momento atual com 1964, ano do golpe militar e diz que a liberdade está ameaçada no País
O presidente Jair Bolsonaro comparou o momento atual com 1964, ano do golpe militar e afirmou que a liberdade está ameaçada no País. “O que tentaram nos roubar em 64 tentam nos roubar agora. Lá atrás pelas armas, hoje pelas canetas”, afirmou o presidente em um evento com empresários nesta segunda-feira, 16, em São Paulo.
Em discurso cheio de palavrões, o presidente voltou a relativizar os atos de 7 de Setembro do ano passado, tratando-os como de liberdade de expressão, e disse que nunca será preso. “Por Deus que está no céu, eu nunca serei preso”, disse. “A liberdade é mais importante que a nossa própria vida.”
No mesmo discurso, Bolsonaro voltou a minimizar a defesa de golpe militar – o que é inconstitucional – em manifestações pró-governo. “Entendo tudo isso como liberdade de expressão”, declarou, chamando em seguida de “psicopata” e “imbecil” quem classifica os atos bolsonaristas como antidemocráticos por suas bandeiras.
No almoço com empresários antes de abertura de feira da Apas (Associação Paulista de Supermercados), em São Paulo, Bolsonaro se irritou em diferentes momentos. Disse aos empresários não ser ditador e que não pediria a eles que não o abandone agora, mas que isso caberia à consciência de cada um deles.
“Não sou ditador. Sou uma pessoa que tem responsabilidade com o Brasil”, afirmou, antes de dizer, porém, que “só Deus me tira de lá [da Presidência]. Não adianta ficar inventando canetada”, afirmou.
Bolsonaro afirmou ainda que as eleições deste ano podem ser conturbadas. “Eu não sou fodão, não”, disse aos presentes, antes de afirmar que poderemos ter “eleições conturbadas”.
E acrescentou: “Vocês (supermercadistas) foram excepcionais nessa pandemia, mas tudo pode acontecer. Poderemos ter outra crise. Poderemos ter eleições conturbadas. Imagine acabarmos as eleições e pairar para um lado, ou para o outro, a suspeição de que elas não foram limpas? Não queremos isso”, disse. “Só Deus me tira de lá [Presidência]. Não adianta inventar canetada.”
Para o chefe do Executivo as eleições deste ano são vistas como um “ponto de inflexão” para o Brasil e para o mundo”. “Alguns querem a volta à cena do crime”, afirmou Bolsonaro, em referência a uma frase do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) nas eleições de 2018. Hoje, Alckmin é o pré-candidato a vice do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No discurso, Bolsonaro reconheceu o impacto da inflação na disputa pelo Palácio do Planalto. Embora sem citar Lula nominalmente, Bolsonaro mostrou acreditar que o eleitor faz comparações entre passado e presente na hora de escolher seu candidato.
“Uma parte da população não sabe ver diferença. Olha na ponta da linha como está o preço na gôndola do supermercado e vota de acordo com o que está vendo, achando que vai voltar o diesel a R$ 3, a lata de óleo a R$ 5″, disse o presidente, pré-candidato à reeleição.