A questão da distribuição de água tratada no interior do município de Bom Jesus da Lapa é sempre motivo para reivindicações na Câmara Municipal. Em sessão recente o vereador Coriolano Leite (DEM) sugeriu terceirização da água na zona rural.
O Visto24horas recorreu ao diretor do SAAE (Serviço de Abastecimento de Água e Esgoto), Gérson Nunes, que deu várias explicações sobre a dificuldade e a resolução do problema, que, segundo ele, será resolvido com as adutoras que vão ser construídas, obedecendo ao Plano Municipal de Saneamento Básico aprovado pelos próprios vereadores antes do recesso de julho.
Visto24horas – Fale um pouco do funcionamento do sistema de abastecimento no interior de Bom Jesus da Lapa?
Gérson Nunes – Olha só, a maioria das comunidades do interior são assistidas pela Prefeitura e o SAAE sem nenhum tipo de cobrança. Hoje a Prefeitura arca com os custos de energia, considerando as despesas gerais do Município. A Prefeitura arca com mais de meio milhão, claro, tem os postos de saúde, as escolas, mas hoje temos mais de 200 poços artesianos instalados. São 170 comunidades sendo que algumas delas têm mais do que um poço. Há uma comunidade que perfurou 7 poços dos quais funcionam 4 os quais a gente vem dando assistência de uma maneira geral sem custo pra sociedade.
V24h – De que maneira esses problemas mais cruciais vão ser resolvidos?
GN – Graças a Deus nós já temos resolvido o problema do Projeto Formoso. Ali havia distribuição, mas a água era captada do canal, sendo que o pessoal tinha medo devido a resíduos tóxicos. Estamos num processo de transmissão, readequando a rede e já distribuindo água tratada, que em setembro vai ter a taxa normal cobrada nos talões. Vai atender principalmente os setores 33 e 4, mas vai atender muitos outros setores. Eu tô falando de uma situação resolvida, como foi o caso do Juá Bandeira que vai precisar futuramente de uma ampliação para atender as comunidades do Campo Grande, Santa Rita e outras localidades, como Boa Vista, e por aí vai. Tem o sistema, por exemplo, da Lagoa das Piranhas que recebeu um sistema de tratamento, mas a água não é totalmente doce, é uma água pesada e precisa receber água pelo carro-pipa.
V24h – E nas demais comunidades do interior, qual a perspectiva?
GN – Então, nas localidades do interior temos mais de 200 poços. Se nós tivermos 5 desses poços com água doce, é muito. Sinceramente, que eu lembre, tínhamos um na Chapada Grande e outro na Canafístula, que secaram. Temos um poço no Campo Grande 2 com água doce. Significa dizer que as demais comunidades se servem de água salgada pra finalidade de uso doméstico como lavar, molhar as plantas, dar para os animais e outros fins. Essa não é água pra beber.
V24h – Como atender à demanda de água potável para essas famílias?
GN – Disponibilizou-se através do Governo Federal o programa de captação de água de chuva para consumo humano. Grande parte das comunidades recebeu cisternas de captação de água de chuva. Assim a população vai sendo assistida pela operação carro pipa, que também leva água doce, também os carros da Prefeitura que servem essas comunidades.
V24h – Há muita reclamação de poços quebrados por semanas e às vezes mais de mês?
GN – E quando dá algum problema no motor do poço, a assistência é o SAAE que faz. Mas nós temos uma agenda. São mais de 200 poços e para atender todo mundo, precisamos manter a agenda. A gente dá assistência de acordo com a comunicação que a comunidade faz. Sem contar que há problema de pico de energia e queima a bomba. Mas, a Coelba está ampliando e melhorando a malha de distribuição de energia.
V24h – O que você diz de terceirização?
GN – Quando se diz terceirizar o interior, existem ações em andamento por Parte do Município no sentido de levar água doce pra essas comunidades. Se tiver algum órgão que entende que deve cobrar pela água salgada, que é fornecida pras pessoas pelos poços, com funcionário dando assistência, pra mim é uma surpresa. Porque o que acontece, a prefeitura fornece energia, o SAAE dá assistência e a comunidade elege um bombeiro da comunidade que fica responsável pra ligar e desligar, informar quando há algum defeito, cujo salário é rateado pelas famílias.
V24h – Quais os projetos para o futuro?
GN – Temos o projeto da adutora do Morrão, da adutora do Rio das Rãs, tem outro projeto em andamento que é a Adutora da Fé, que vai iniciar agora pela Codevasf, inclusive no dia 16 de agosto foi desapropriada uma área pra esse projeto, que vai atender, além da sede, uma grande arte dessas comunidades, além de Riacho de Santana e Igaporã. Vai atender além de Favelândia, que é a comunidade de São José. Estamos ampliando o sistema implantado na comunidade do Retiro, Pedras, pra chegar água até o Araçá-Cariacá. Resumindo, tem a adutora do Morrão, a do Rio das Rãs e adutora da Fé. Elas vão resolver o problema de abastecimento em todas as regiões de Bom Jesus da Lapa. Está em andamento o projeto pra Ilha da Canabrava, de igual sorte, na Barrinha.
V24h – Então o Plano de Saneamento Básico está sendo executado?
GN – O Plano de Saneamento Básico é justamente para atender às nossas carências, as demandas e necessidades, pra se buscar soluções. Me surpreende o vereador Cori sugerir terceirização, mesmo porque ele participou de algumas reuniões conosco, tomou conhecimento e aprovou o Plano de Saneamento Básico. O que é preciso é que os vereadores recorrerem a seus deputados pra conseguir verbas para execução das obras.
V24h – Tem mais alguma informação importante?
GN – Em relação à sede do Município, estamos finalizando a adutora passando por trás do morro que vai levar água direto pra Lagoa Grande, Fazenda Campos, Shangrilá e outros bairros ali próximos. É uma bomba que vai desafogar a antiga que fica perto do Santuário. Quando estiver pronta, os problemas de rompimento da tubulação na região central, devido pressão na rede que já tem mais de 50 anos, vão ser resolvidos, uma vez que o abastecimento vai ser dividido entre as duas centrais.