A ativista social, com uma vida de luta dedicada à causa do povo negro, em especial da comunidade quilombola Araçá-Cariacá, onde cresceu, Juliana Vaz (PT), atual secretária de assistência social de Bom Jesus da Lapa, teve os 4 minutos mais importantes de sua trajetória, ao falar para Lula, no encontro do ex-presidente com o Movimento Negro da Bahia, em Salvador, nesta quinta-feira, 26.
O encontro de Lula com os movimentos negros na Senzala do Barro Preto, a sede do Bloco Afro Ilê Ayê, situada no Curuzu, em Salvador, contou com várias lideranças negras da Bahia.
Falando pelos povos quilombolas, Juliana Vaz, que foi convidada pela Sepromi (Secretaria de Promoção da Igualdade Racial), demonstrou muita emoção por estar vivendo aquele momento.
Juliana disse ao visto24horas que: “É uma emoção imensa. A responsabilidade de representar os Quilombolas do Brasil inteiro. Falar de cara com homem que foi responsável pela transformação da minha vida e de meu povo”.
Em vídeo divulgado no youtube, produzido pelo Canal da resistência (https://www.youtube.com/watch?v=4Gefg2q5erU), a jovem se referiu às conquistas das minorias como fruto das gestões de Lula.
“Não é sobre idolatrar e nem ideologia política partidária; é sobre sobrevivência de vida, reparação e representatividade. Eu tenho consciência que foi obrigação dele investir em políticas públicas, fazer uma gestão inclusiva pensando nas diversidades dos povos. Mas quando se compara ele (Lula) que nos trouxe uma vida digna ao presidente atual que diz que meu povo não serve nem pra procriar, que nos compara com animal, utilizando o termo arroba pra falar do nosso peso e diz que filho dele foi bem educado, e jamais se relacionaria com uma mulher que tiver mesma cor da pele que aminha, não tem como se emocionar com o ex e futuro presidente”, comentou Juliana à reportagem do Visto.
A secretária de assistência social da Lapa não se esqueceu daqueles que o ajudaram na sua caminhada. “Tudo isso que estou vivendo eu devo ao movimento Quilombola e ao ex-prefeito, Eures Ribeiro, e ao atual, Fábio Nunes. É um marco na vida dos 10 territórios quilombolas de bom Jesus da Lapa”, garante.
Poema de Juliana que ela declamou para Lula
Conta Brasil que a travessia foi forçada com tortura e chibatada, que a sua riqueza foi o meu povo que construiu, mas que está centralizada.
Conta Brasil que ser jovem Quilombola é abrir mão do que a juventude lhe proporciona pra fazer luta coletiva porque só ela nos impulsiona.
Mas eu resisto Brasil, pois sou o germinar dos sonhos das que mataram no tronco e das que ficaram na África e nunca mais tivemos um encontro.
E ainda que o sistema me mate e eu continue a respirar segurei lutando até a vida do meu povo transformar. Só ei de sossegar quando em meu território eu puder plantar sendo toda a minha alimentação regata pela soberania alimentar.
Na terra que ioio nasceu sem expulsão dos grandes empreendimentos sem racismo nem julgamento com igualdade de tratamento. Ajudando fazer o bolo vendo nosso país crescer dividindo em igualdade e tendo direito a comer.