A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal decidiu fechar toda a Esplanada dos Ministérios no feriado da Proclamação da República, nesta terça-feira (15), quando manifestantes que não aceitam o resultado das eleições prometem um grande ato antidemocrático na capital.
O objetivo, segundo a pasta, é evitar protestos e invasões no local. A manifestação está marcada para o quartel-general do Exército, distante da Esplanada, mas a secretaria recebeu informações de que grupos bolsonaristas organizavam, pelas redes sociais, motociatas na região.
Centenas de caminhões já estão estacionados perto do quartel-general do Exército, onde apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) pedem a intervenção das Forças Armadas contra o resultado das eleições há mais de 10 dias.
Na quarta (9), mais de 100 veículos se juntaram ao grupo na capital federal. Como mostrou a Folha, caravanas com ônibus de graça até Brasília estão sendo anunciadas nas redes sociais e por grupos bolsonaristas para reforçar o ato neste feriado.
Em nota divulgada nesta segunda-feira (14), a Secretaria de Segurança do DF alegou “razões preventivas de segurança, para evitar circulação de veículos e pessoas no mesmo local”. De acordo com a pasta, a reabertura da Esplanada será avaliada após o término da manifestação e a dispersão do público.
A Praça dos Três Poderes, na mesma região, está isolada desde 31 de outubro para evitar a invasão de caminhoneiros. No ano passado, motoristas ocuparam a Esplanada às vésperas do feriado de 7 de Setembro e só deixaram o local após cinco dias de protestos.
De acordo com aliados do chefe do Executivo, a expectativa é de que ele participe dos atos neste feriado –embora haja uma tentativa dos organizadores de afastar o mandatário das manifestações para não prejudicá-lo juridicamente.
Apesar disso, interlocutores dizem acreditar que as manifestações serão muito grandes e podem ser ainda uma demonstração de força de Bolsonaro. O chefe do Executivo se tornou o primeiro a perder reeleição, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhou a disputa pelo Planalto.
Desde então, Bolsonaro se isolou no Palácio da Alvorada, comparecendo ao Planalto apenas em dois dias, muito rapidamente. Não tem feito transmissões nas redes sociais e dado declarações. Seu silêncio tem sido interpretado como conivência aos atos pelos manifestantes.
No começo do mês, o Exército pediu ajuda ao Governo do Distrito Federal para manter a “segurança” e a “ordem pública” no local. O Comando Militar do Planalto solicitou o envio de ambulâncias, funcionários para a limpeza e o controle de ambulantes, policiais e reboques.
Em resposta ao questionamento da Folha, o Exército informou na ocasião que os manifestantes “se encontram de forma pacífica em frente ao quartel-general” e que o objetivo não é retirá-los do local, mas sim reforçar a “segurança desses brasileiros”.
O prefeito de Tapurah, em Mato Grosso, Carlos Capeletti (PSD), gravou um vídeo em que convoca empresários do agronegócio e do comércio para “congestionar” a capital federal nesta terça. “O pessoal do comércio, do agro, vamos para Brasília. É lá a batalha final”, disse.
Marianna Holanda e Thaísa Oliveira / Folha de São Paulo