Para 56% dos brasileiros, a reforma trabalhista de 2017 trouxe mais benefícios para os empresários do que para os trabalhadores. É o que mostra a pesquisa Datafolha realizada nos dias 19 e 20 de dezembro.
O número, no entanto, é menor do que a expectativa que havia antes da mudança na legislação. Levantamento feito em abril de 2017 mostrou que, na época, 64% tinham a expectativa de que a reforma beneficiaria principalmente os empregadores.
Na época, 21% avaliavam que empresários e trabalhadores seriam beneficiados na mesma medida. Agora, essa opinião é compartilhada por 27% dos entrevistados.
O percentual dos que avaliam que a reforma traz mais benefícios para os trabalhadores do que para os empresários está em 6% na pesquisa mais recente, praticamente o mesmo percentual de 2017 (5%).
As novas regras criadas pela reforma trabalhista de 2017 completaram cinco anos em novembro. Desde a campanha eleitoral, as mudanças estão na mira do novo governo Lula.
A postura contrária à reforma supera 50% em praticamente todos os recortes socioeconômicos na pesquisa mais recente. As exceções são os grupos de renda acima de dez salários mínimos (37%), moradores da região Sul (43%) e os próprios empresários (27%).
A avaliação de que a mudança beneficia empregadores e trabalhadores na mesma medida é maior entre homens (32%) do que mulheres (23%), entre brancos (30%) e pardos (29%) do que entre pretos (22%), e cresce conforme a renda, saindo de 23% para quem ganha até dois salários mínimos e chegando a 46% na faixa acima de dez mínimos. Por ocupação, os percentuais mais altos estão entre empresários (58%), assalariados registrados (32%) e autônomos (30%).
Na pesquisa, foram realizadas 2.026 entrevistas em todo o Brasil, distribuídas em 126 municípios. A margem de erro máxima para o total da amostra é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.
CARTEIRA ASSINADA
A pesquisa também mostra que 77% dos brasileiros prefere ter carteira assinada, com direitos trabalhistas garantidos, mesmo que a remuneração seja menor. Outros 21% escolhem trabalhar sem carteira, sem direitos trabalhistas garantidos, se o salário for maior.
A primeira opção tem mais apoio de mulheres (81%), pessoas com ensino fundamental (83%), moradores do Nordeste (80%) e católicos (82%). Os percentuais são menores entre homens (73%), no grupo com curso superior e médio (ambos com 75%), moradores do Sul (72%) e evangélicos (73%).
A preferência por salário maior a direitos trabalhistas e registro encontra mais apoio no grupo de autônomos, profissionais liberais e freelancers (37%), entre empresários (28%) e assalariados sem registro (20%).
DESEMPREGO
De acordo com o levantamento, 11% dos entrevistados estão desempregados (9% procuram trabalho e outros 2% deixaram de procurar). Entre os que buscam emprego, 65% são mulheres, e 35%, homens. São 43% sem emprego há mais de dois anos e 31% há até seis meses.
Entre assalariados sem carteira, autônomos e outros ocupados sem registro, 64% já trabalharam com carteira assinada.
Entre essas pessoas que já tiveram registro, mas trabalham atualmente sem carteira assinada, 70% estão nessa situação há mais de dois anos e 19% há menos de um ano.
Gostariam de ter carteira assinada 61% dos brasileiros que trabalham por conta própria.
Eduardo Cucolo/Folhapress