Uma das pautas do governador Jerônimo Rodrigues (PT), nesta quinta-feira (2), em Brasília, foi tratar da distribuição de cargos federais na Bahia. Esse foi um dos temas do encontro com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Entre os postos mais disputados no Estado estão as duas superintendências da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf): a de Juazeiro e a de Bom Jesus da Lapa.
No plano nacional, o comando da Codevasf, órgão subordinado ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, deve continuar nas mãos do líder do União Brasil na Câmara Federal, o deputado baiano Elmar Nascimento. O atual presidente da instituição é Marcelo Moreira, indicado pelo parlamentar ainda no governo Jair Bolsonaro (PL). Na Bahia, o comandante da 6ª Superintendência Regional, com sede em Juazeiro, é o engenheiro mecânico Miled Cussa Filho, também apadrinhado por Elmar, que deseja manter o correligionário no posto.
Conforme apuração deste Política Livre, o PT baiano, no entanto, trabalha para emplacar nesta superintendência, que abrange 205 municípios, o ex-presidente do partido na Bahia, o sociólogo Jonas Paulo, que integrou o grupo de Desenvolvimento Regional da transição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O PCdoB também teria interesse na superintendência.
O Avante, que na Bahia é comandado pelo deputado federal Pastor Sargento Isidório, articula para indicar o ex-deputado federal Tito, que não conseguiu a reeleição pela sigla, na 2ª Superintendência Regional da Codevasf, que abrange 212 municípios no Estado. Atualmente, o superintendente é Harley Chavier Nascimento, indicado pelo deputado federal Arthur Maia (União).
Na avaliação de aliados de Jerônimo, não será uma operação fácil tirar de Elmar o comando da Codevasf em Juazeiro, sobretudo com a federação a ser formada entre União Brasil e PP, prestes a sair do papel e se tornar o maior bloco partidário na Câmara. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) espera contar com os votos deste grupo.
“Além disso, Elmar, que atua em conjunto com Arthur Lira (presidente da Câmara, do PP de Alagoas), tem o discurso de que foi preterido do comando do Ministério da Integração pelo PT da Bahia. Na verdade, o tempo todo ele jogou foi de olho apenas na Codevasf, o que sobraria, e uma baita sobra. E para ele não é interessante ter o comando nacional e não manter aqui”, declarou um parlamentar da base do governador.
A Codevasf é cobiçada porque realiza obras na “ponta”, sobretudo via emendas parlamentares, e tem um orçamento, para este ano, de R$ 2,7 bilhões. Entre as atribuições do órgão estão o desenvolvimento de bacias hidrográficas e de projetos de irrigação; implementação de ações e instalações para saneamento básico; realização de obras de pavimentação; construção de pontes; entrega de máquinas e equipamentos, como motoniveladoras e escavadeiras.
No encontro com Jerônimo, nesta quinta-feira, Alexandre Padilha afirmou que o presidente Lula pretende acelerar as nomeações nos estados nas próximas semanas. A prioridade, no entanto, é preencher os cargos da administração pública direta que ainda estão vagos.
Segundo dados divulgados esta semana pela consultoria Ética Inteligência Política, das 178 secretarias existentes no âmbito da União, 60 (34%) estão com a chefia vaga. Pelo menos cem departamentos e diretorias que estão abaixo dessas secretarias, ou órgãos com status de secretarias existentes, também estão sem um responsável oficializado.
Coordenadora da bancada baiana no Congresso Nacional, a deputada Lídice da Mata (PSB) recebeu uma relação com demandas dos partidos da base aliada para a ocupação de cargos federais no Estado. Ela também tem tratado do assunto com Padilha. Tradicionalmente, esses postos são ocupados por indicações dos parlamentares da Câmara e do Senado.
Política Livre