A operação da Polícia Federal em endereços de militares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro assustou a cúpula do Exército. Ninguém contava com a diligência na casa do general Mauro César Lourena Cid, e, mais uma vez, na casa de seu filho, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro preso desde 3 de maio. Os comandantes estão atônitos, em choque, e prometem abandonar Cid, afirmou um general à reportagem.
Agora, com o avanço da apuração sobre o pai de Mauro Cid, o general Mauro César Lourena Cid, e sobre o tenente Osmar Crivelatti, a conclusão na alta patente é de que todos os que estavam no entorno de Bolsonaro são considerados suspeitos pela PF – o que configuraria um risco para a imagem do Exército. “É sempre o mesmo núcleo que estava no entorno do ex-mandatário”, ressaltou à reportagem um integrante da cúpula da Força Terrestre.
Os generais entendem que quem errou deve responder pelos seus atos. E não pretendem fazer nenhuma defesa pública dos investigados. Ao contrário disso, a ideia é se distanciar para frear a mácula sobre a imagem das Forças Armadas.
No começo dos escândalos envolvendo Mauro Cid, militares chegaram a destacar apreço e respeito à história do general Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Agora, todos serão jogados à própria sorte. “É um momento triste que estamos vivendo. A instituição está impactada, incomoda, preocupada. Mas quem tiver responsabilidade que responda”, diz uma fonte das Forças Armadas.
Ninguém parece ter dúvidas, porém, de que o clima entre a caserna e o atual governo vai piorar novamente. “O sentimento que toma conta da tropa é de sucessivos abusos do Judiciário. Não falo desse caso específico, mas isso vai se insuflar ainda mais. Eles querem prender o Bolsonaro de qualquer jeito, nem que pra isso destruam tudo o que está em volta”, avalia um militar que já atuou no Palácio do Planalto em gestões
passadas.
Roseann Kennedy/Estadão