Depois de tomar as quatro doses da vacina, Raquel Mesquita viu sua vida se transformar de forma que ela hoje diz não ser ninguém
A vacina contra a Covid-19 foi uma esperança de prevenção para muitos cidadãos brasileiros, menos pra a pescadora lapense Raquel Rosa Mesquita Filha, 45, que no dia 3 de julho de 2021 tomou a primeira dose. Daquele dia em diante sua vida se transformou radicalmente para pior com vários problemas de saúde.
Raquel conta que tomou a dose da Oxford-Astrazeneca e começou a sentir muitas dores, febre e dor de cabeça. Foi dito a ela no Caps(onde aplicavam a vacina) que era normal e que ela deveria tomar dipirona.
No dia 29 de setembro de 2021 Raquel tomou a segunda dose da vacina, e começou a sentir reações mais fortes. Ela continuou tomando dipirona e fez repouso em casa. “De lá pra cá nunca mais tive sossego, as dores de cabeça que nunca tive se intensificaram”, afirma ela.
Foi quando Raquel precisou fazer uma viagem para São Paulo, depois de tomar a segunda dose da vacina, mas contraiu o vírus em Caraguatatuba, que só foi descoberto através de uma gripe, mas o médico fez o teste e foi declarado Covid 19 sem gravidade. “O médico me indicou remédios caseiros e muito líquido”, diz ela.
Depois disso, Raquel conta que voltou a sua rotina sem sentir nada, porém, um mês após, tomou a terceira dose, que fez com que sua vida mudasse vertiginosamente. “Minhas pernas começaram a inchar, passei a ter muitas crises de dores de cabeça e dores fortes do lado esquerdo do corpo, parecendo dores renais”, relata.
Ao retornar para Bom Jesus da Lapa, ela passou a ter crises mais fortes, o SAMU foi acionado e ela foi para a UPA. “Passei o dia todo tomando medicações, logo após me deram alta. Isso foi no dia 28 de março de 2022”, afirma.
Já no dia seguinte, Raquel foi à UBS do bairro Nova Brasília onde mora, onde começou de novo a ter crises nas dependências a UBS. “Fiz um pedido à médica para que ela solicitasse a equipe do SAMU, mas ela se negou falando para que isso fosse solicitado na sua casa. “Uma irmã minha me socorreu na UBS e solicitou a equipe do Samu dizendo que a médica teria que fazer o pedido, já que eu estava no posto”, conta. Ela foi socorrida por um popular que a levou de carro para a UPA.
Daí em diante Raquel foi medicada mais uma vez o dia inteiro, inclusive com doses de morfina, porém, sem que os remédios fizessem efeito. Ela foi internada no Hospital Carmela Dutra, o que ocorreu por volta das 23 horas. “No dia seguinte, fizeram teste de glicemia e foi constatado que estava num pico de 596, sendo que nunca tive diabetes”, relata.
Vieram as medicações, incluindo insulina, dipirona e morfina seis vezes ao dia. Ela perdeu a memória, teve surtos psicóticos e perda de visão. Fizeram exames de imagem e houve suspeita de síndrome do quebra-nozes, ou seja, uma lesão grave na artéria do rim. “Comecei a perder os movimentos da perna esquerda, falei para o médico e não tive resposta do que poderia ser. Me enviaram para o Hospital de Barreiras, onde o profissional descartou a síndrome do quebra-nozes”, diz.
Mesmo internada num hospital público, Raquel precisou sair para fazer consulta e exame particular com um cirurgião vascular em Guanambi. Já em Bom Jesus da Lapa o médico do Hospital Carmela Dutra, continuava acreditando que seria mesmo síndrome do quebra-nozes, de forma que a paciente teria que passar por uma cirurgia sem cobertura pelo SUS. Mas, o cirurgião vascular em Guanambi também descartou tal síndrome. Suspeitava-se de CA, trombose dentre outros males, mas os exames foram negativos.
Já estando havia 33 dias no hospital sem que houvesse um diagnóstico, Raquel resolveu pedir alta, e foi atendida depois de fazer todos os procedimentos, exames, ter receitas para remédios e encaminhamentos para o Caps e o endocrinologista. “Entrei no hospital ainda conseguindo me movimentar, mas tive que sair de cadeira de rodas. Assim fiquei quase um ano, sempre fazendo fisioterapia sem obter sucesso”, lamenta.
Alguns dias depois, ela teve que ir ao Caps sentindo distúrbios descontrolados e o cabelo caindo. A psiquiatra diagnosticou fibromialgia e alopersia nervosa, encaminhando a paciente para a psicóloga. “Ela fez várias solicitações de exames e me encaminhou para o reumatologista na Policlínica”, diz Raquel. O médico solicitou vários exames, porém, só depois de quatro meses me pediu um exame de HLAB27, o qual diagnosticou espondilite anquilosante, e o reumatologista receitou ibuprofeno ”, lembra.
As crises foram piorando mais ainda. Então, Raquel conseguiu a primeira consulta com o endocrinologista, que solicitou vários exames. A diabetes permanecia alta e começou a tomar insulina NPH e a regular três vezes, duas de cada ao dia. Um mês depois a paciente teria que levar novos exames, sendo todos caros feitos em clínicas particulares.
“Consegui fazer todos os exames, mas não consegui retornar no prazo que o médico pediu, então, ele disse que estavam vencidos e queria novos exames”, diz, explicando que não tinha condições de fazer, mas que ia providenciar tantos os exames quanto uma consulta na clínica particular dele. Ela foi humilhada pelo médico que duvidou que ela pudesse fazer novos exames e pagar a consulta a ele. No entanto o mesmo médico a encaminhou ao ortopedista que pediu a ela um exame que ela fez em Guanambi, que foi negativo. “O médico me disse que eu não precisava de ortopedista”, garante.
O mesmo médico pediu que Raquel medisse a glicemia dez vezes ao dia e que enviasse a ele pelo whatsapp, entretanto, ele não quis assinar os procedimentos para a Secretaria Municipal de Saúde fornecer as fitas e o aparelho de medição da glicemia, alegando que não era obrigado, uma vez que a Secretaria poderia fornecer assim mesmo.
“Deixei de consultar o endocrinologista por algum tempo. Fui encaminhada ao neurologista na mesma Policlínica. Estando em cadeira de rodas. O neurologista disse que eu não precisava de uma consulta com ele, uma vez que os exames apresentados não eram da competência dele. Disse ainda que da parte dele, me daria alta. Passou pregabalina que eu já tomava”, recorda.
Raquel continuou o tratamento com a psicóloga e a psiquiatra, a qual orientou que ela procurasse outro reumatologista. Ela conseguiu três consultas e a médica cortou vários medicamentos, principalmente o ibuprofeno, dando início ao tratamento da espondilite, com a injeção golimumabe e metroxetato (espécie de quimioterapia branca), de alto custo, e fez todos os procedimentos a serem encaminhados à Secretaria de Saúde. Na segunda consulta, a médica relatou também que havia artrite.
No início, a Secretaria de Saúde não ofereceu prazo para fornecer a medicação, mas o laboratório da Jansen em São Paulo forneceu as seis primeiras doses de graça, por meio do contato da reumatologista.
Foi praticamente um ano de sofrimento na cadeira de rodas e frustrações com médicos e tratamentos ineficazes. Fui quando a paciente deu entrada na primeira perícia em Santa Maria da Vitória, e foi informada que Raquel teria que tomar a quarta dose, para que o cartão de vacina fosse aceito pelo INSS. “Tomei a vacina com muito medo, porque eu precisava do meu auxílio doença. Daí em diante, minha situação piorou mais ainda”, reclama.
Raquel teve crise no consultório do perito, ele nem ao menos examinou e mandou ela embora, sendo que se descobriu depois que ele a reprovou no relatório. Mas com o auxílio da Colônia dos Pescadores, depois de 15 dias o benefício foi creditado.
As crises continuaram e Raquel precisou dar entrada na UPA constantemente, e nenhum médico do pronto atendimento sabia o que é espondilite. Ela explicou que tomava remédios específicos, mas a UPA sempre queria interná-la novamente, entretanto ela se recusava a ir devido ao sofrimento que já havia passado sem obter qualquer resultado positivo.
“Meses depois retornei às pressas à UPA com o olho esquerdo muito inflamado e uma secreção que me impedia de enxergar. Fiquei em observação tomando morfina. Mais uma vez me neguei a ser internada. Me encaminhou ao oftalmo às pressas, que constatou que eu havia perdido 70% da visão esquerda e 60% da direita. Ele disse que não ocorreu devido pressão ocular, glaucoma ou diabetes”, alega Raquel.
O oftalmo pediu exame de ressonância de crânio e órbitas, além de uma tomografia de coerência óptica. Os exame constataram que houve atrofiamento do cérebro. É provável que em razão disso, Raquel esteja perdendo os movimentos, por isso ela foi encaminhada para o neuro oftalmo. Porém, faz um ano que ela tenta marcar a consulta em Salvador no Hospital Irmã Dulce, uma vez que a central de marcação nunca consegue marcar.
Raquel perde cabelos desde o início e mais ainda depois de fazer quimioterapia, usa muletas, mesmo assim sem conseguir caminhar normalmente porque perde os movimentos, fica dias na cama sentindo dores e sem firmeza nas pernas. Essas crises ocorrem constantemente, sendo que os medicamentos servem apenas como paliativos.
“Hoje necessito consultas dignas pelo SUS, com especialistas na minha área, já que conto apenas com o salário mínimo do auxílio doença”, diz ela, que compra todas a medicações como: velija, velanflaxina, prisma, pregabalina, cod, dentre outros, que custam por volta de R$ 1.000,00 todos os meses, além das consultas que nunca custam menos que R$ 400,00.
Raquel está necessitando do exame do líquo da coluna, porque há suspeita de esclerose múltipla. Mas o neurologista local não faz se o pedido for de outro colega de profissão. O exame do líquo está por volta de R$ 2.011,00 e mais três consultas que custam R$ R$ 1.200,00. Por isso, ela não tem a quem apelar.
O pior é que Raquel vai perder as injeções de alto custo fornecidas pela Secretaria de Saúde, que exige renovação da receita, caso não faça uma consulta com a reumatologista ainda em março, que fica no valor de R$ 400,00.
“Hoje, necessito de um tratamento digno e especial fornecido pelo SUS, uma vez que não tenho mais condições de pagar consultas nem exames”, explica Raquel, restando que um milagre ou o socorro cheguem a tempo de ela conseguir ter uma esperança de voltar a ter uma vida normal.
No mínimo, Raquel necessita de pelo menos R$ 5.000,00 com urgência, a fim de resolver os problemas imediatos. Enquanto isso ela continua à espera de um milagre.
“Hoje sou acompanhada pelo ortopedista de Santa Maria da Vitória, juntamente com a endocrinologista, e faço o uso do cordão do girassol como símbolo de doenças autoimunes, além de uma pulseira da fibromialgia, que representa um pedido de respeito com o cidadão que tem as prioridades, mas nem todos reconhecem”, finaliza.
Para quem deseja contribuir com o tratamento de Raquel Rosa Mesquita Filha, pode enviar qualquer valor via PIX. Chave: 77 9916-1753