“As Marias” teve pré-estreia na noite de sexta-feira, 29, na Secretaria de Cultura de Bom Jesus da Lapa
Falecida em 2021, a lendária Maria da Glória, mais conhecida como “Maria Fedô”, com circunflexo mesmo, tem as pedras que arremessou contra crianças travessas, voando ainda na realidade atual.
É que tal personagem real que se tornou mais um daqueles famosos motivos do imaginário popular é inspiração para o jovem compositor, cantor, poeta, escritor e teatrólogo, Fê Calheiro, radicado em Bom Jesus da Lapa, que concebeu a peça teatral “As Marias”.
Nota-se que a peça aproveita março, o mês das mulheres, e o Dia das Mães que será semana que vem, para dar uma repassada em alguns exemplos de dramas femininos, como alerta para a sociedade cuidar melhor de suas principais “joias”, em um tempo de tanto machismo e desrespeito para com as mulheres.
“As Marias” é uma tentativa de revitalizar o teatro de Bom Jesus da Lapa, que teve seu auge com o grupo GATA de Tuta e Edvaldo Boa Sorte, dentre outros atores e autores locais, em anos idos, passando também pelo grupo Retórica Desnuda, integrado por universitários da Uneb, e pelos atores que de forma amadora e muito esforço, apresentam peças como “A Paixão de Cristo” e autos de Natal no Santuário do Bom Jesus.
No roteiro da obra, não deixam de estar presentes a mulher trans, a mulher rica, a pobre, a cadeirante e a “louca”, no caso a caricatura de “Maria Fedô”, cuja força de expressão dá destaque à atriz Leninha, a qual tem uma bela performance, não desmerecendo as outras Marias vividas por Laira Farliane, Márcia, Néia Souza e Regi Santana.
Todas elas, na peça, são Marias estupradas e mortas, espancadas até ficarem aleijadas, como foi o caso de Maria da Penha, que inspirou a lei homônima; Marias que vencem na vida e vencem também um passado aterrorizante. Enfim, Marias abiloladas vivendo escondidas a falar com seus próprios fantasmas, como é o caso, de “Maria Fedô”.
O importante é não desistir, mesmo com todas as dificuldades, mesmo com deficiência cênica e técnica, uma vez que o teatro é a mais antiga expressão artística, sendo assim o mais popular dos eventos da humanidade.
Basta ter uma ideia na cabeça e a colaboração de pessoas interessadas em levar avante um projeto, ainda que poucas pessoas tenham predisposição para assistir, o que não foi o caso da estreia de “As Marias”, cujo público foi satisfatório dentro das limitações do espaço.
A Secretaria de Turismo e Cultura, através da equipe do secretário Adson Pereira, assim como o autor e diretor, Fê Calheiro, e ainda o público presente, estão de parabéns pelo evento, que deve ser levado a escolas, a espaços públicos e a outras cidades.
Da redação