O presidente Jair Bolsonaro (PL) vetou nesta quarta-feira (25) a inscrição da psiquiatra Nise da Silveira no livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.
A médica começou a atuar na área na década de 1940 e se notabilizou por ser uma das pioneiras do movimento contra métodos agressivos que eram aplicados à época a pacientes com transtornos mentais. Em 1936, foi presa após ser denunciada por envolvimento com líderes do comunismo no Brasil.
Ela morreu em 1999 e a homenagem havia sido aprovada pelo Senado em abril deste ano. Para vetá-la, o chefe do Executivo alegou que “não é possível avaliar a envergadura dos feitos da médica Nise Magalhães da Silveira e o impacto destes no desenvolvimento da Nação, a despeito de sua contribuição para a área da terapia ocupacional”.
Silveira ficou conhecida por ser uma crítica de tratamentos como o eletrochoque, lobotomia, camisa de força e o isolamento em hospícios. Defensora de métodos mais humanizados, inseriu a interação com a arte, especialmente a pintura, como forma de tratar transtornos mentais.
Muitas obras de seus pacientes ainda estão em exposições pelo país e já chegaram a ser expostas no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Seu trabalho ganhou projeção mundial e teve o trabalho conhecido por psiquiatras de renome internacional, como o suíço Carl Jung.
Bolsonaro, no entanto, discordou da iniciativa do Senado de homenageá-la. “Ademais, prioriza-se que personalidades da história do país sejam homenageadas em âmbito nacional, desde que a homenagem não seja inspirada por ideais dissonantes das projeções do estado democrático”, disse o presidente.
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) foi a relatora do projeto no Senado e fez uma defesa da trajetória da psiquiatra. “A doutora Nise foi uma extraordinária psiquiatra, que implantou tratamentos humanizados para transtornos mentais e criou um novo momento em relação a esses tratamentos na nossa sociedade brasileira. Estar no livro de Heróis e Heroínas da Pátria é, sobretudo, um reconhecimento ao trabalho que essa mulher fez para o Brasil”, afirmou.
Matheus Teixeira / Folha de São Paulo