quinta-feira, novembro 21, 2024

Sérgio Camargo sugere que negros de esquerda sejam mandados para a África

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Em mais um ataque ao filme “Medida Provisória”, o ex-chefe da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, chamou nesta terça (12) o longa de criminoso e, ignorando que trata-se de uma ficção, disse que o diretor Lázaro Ramos acusa Bolsonaro de deportar os cidadãos negros de volta para a África. Camargo pede também que o filme seja boicotado, pela segunda vez.

“Medida Provisória”, que chega aos cinemas nesta quinta (14), é a estreia do ator Lázaro Ramos na direção de cinema. Conta a história de um Brasil distópico no qual o governo decide enviar a população negra para países africanos, num ato que camufla como sendo de reparação histórica. No centro da trama está um casal que consegue fugir da brutalidade policial para tentar se manter no Brasil.

O argumento do filme, segundo o diretor, é de 2011, e foi inicialmente pensado para o teatro. Bolsonaro não é mencionado nenhuma vez no filme.

Camargo está empenhando uma cruzada nas redes sociais contra o filme há alguns dias, desde que a atriz Taís Araujo, protagonista do longa, disse numa entrevista que o governo Bolsonaro foi infernal e que o país andou para trás. Também maldisseram o filme o deputado Eduardo Bolsonaro e o ex-secretário especial da Cultura, Mario Frias, além de outros expoentes do bolsonarismo.

Também nesta terça, Camargo, que se define como negro de direita e antivitimista, sugeriu que negros de esquerda sejam enviados para países africanos, numa aparente repetição do argumento do filme que ele critica. Na segunda, ele havia chamado Araujo de “mimizenta”.

Nem a atriz nem o diretor responderam publicamente às críticas. A assessoria do longa afirma que “qualquer ataque ao filme apenas representa o dirigismo cultural que, neste momento, quer determinar quais filmes podem ser realizados no país”.

Em entrevista para a Folha, Ramos pediu uma renovação no comando do Brasil nas eleições de outubro. “Olha o preço do combustível e dos alimentos. Olha como a pandemia e o valor à vida foram tratados. Está difícil ser brasileiro sob o governo Bolsonaro, não posso falar só sobre a dificuldade de ser artista neste momento, não se trata disso.”

A estreia de “Medida Provisória” acontece após um longo imbróglio envolvendo a Ancine, a Agência Nacional do Cinema, numa experiência semelhante à de “Marighella”, de Wagner Moura. Para o casal, houve censura para que ​o longa não chegasse ao público.

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João Perassolo/Folhapress

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